As prioridades de nossos cavalos

Quando estamos num ambiente eqüestre, principiante ou com experiência, nos deparamos com várias coisas ligadas às necessidades dos cavalos e também do cavaleiro.

 


 

Quando estamos num ambiente eqüestre, principiante ou com experiência, nos deparamos com várias coisas ligadas às necessidades dos cavalos e também do cavaleiro.

Equipamentos sofisticados, arreios complicados, a variedade das embocaduras específicas, selas especiais para a atividade escolhida, design arrojados mantas e protetores confeccionados em matéria prima moderna e com tecnologia de primeiro mundo.

Tudo isso se justifica pela importância de se prevenir lesões e proporcionar maior segurança e conforto de ambos.

Pois bem, a utilização de todo este aparato, impressiona muito e o interesse do cavaleiro pode voltar-se para destacar-se diante do público. Mesmo assim, os equipamentos continuam a exercer sua função protegendo o cavalo e sua aplicabilidade funcional justifica a relação custo benefício, pois é melhor prevenir do que tratar as lesões.

Os custos para tudo isso então nem se falam, as cifras chegam até a assustar qualquer praticante consciente que deseja sentir os prazeres da equitação com segurança.

O que preocupa neste caminho onde se mistura prazer, necessidade de proteção, melhor funcionalidade e exibicionismo é que coisas simples, básicas e de verdadeira importância estejam sendo deixados em segundo ou em ultimo plano.

E é ai que devemos rever nossos conceitos e se perguntar;

Será que a alimentação do cavalo está atingindo as necessidades de manutenção diária? O feno está estocado em local adequado garantindo sua qualidade? O casco é examinado e limpo de forma preventiva? Ele é solto em piquete com freqüência para se exercitar? A visita mensal do veterinário ao haras realmente ocorre? O manejo pelos cavalariços na sua ausência é o mesmo que na sua presença.

Pois bem, se você tem dúvidas em responder estas questões básicas verifique com mais atenção os indicadores ou os sinais que o animal apresenta para que se avalie melhor as condições a qual são submetidos da seguinte maneira:

Problema: Falta de disposição, desempenho ou alterações no peso do animal.

Dica : Podem estar relacionados com a redução do concentrado fornecido diariamente ou ainda a misturas milagrosas da ração quando se adiciona farelos e grãos, visando redução de custos. No entanto tal economia ocasiona alterações de seus componentes, vitaminas e microelementos essenciais, provocando desequilíbrios nutricionais com diferentes conseqüências para o animal.

Avalie o peso do animal e o volume correspondente ao tipo de atividade que é submetido, isto é, passeio semanal, atividade leve e diário ou atividade esportiva com treinamento intensivo, próximo das competições.

Rações possuem formulações com qualidades específicas e devem ser utilizadas com orientação do seu veterinário. E lembre-se, um suplemento sempre será bem vindo.

Problema: Rachaduras, podridão ou miíases (larvas de moscas) que aparecem nos cascos.

 Dica : A beleza geral do eqüino desvia nossa atenção sobre um dos pontos mais fracos do cavalo e, portanto o ditado inglês sempre deve ser lembrado; NO FOOT NO HORSE, isto é, ?Sem pés não existe cavalo?.

Os cascos sempre devem ser examinados e limpos antes e depois do manejo e ou treino. Vale a pena ressaltar que casqueamento e ferrageamento são serviços técnicos e, portanto o profissional deve ser valorizado e procurado, enquanto que curiosos devem ser evitados.

Problema: Manchas com perda de pelos que lembram micoses em áreas específicas como cabeça, pescoço, lombo ou canelas.

Dica : Os utensílios como: cabeçadas, cabrestos, rédeas, mantas, caneleiras e cloches, preferencialmente, devem ser individuais e limpos após o uso. Destes utensílios, o cabresto é o mais utilizado de forma coletiva e o que quase nunca sofre higienização.

Fixar o cabresto ao lado da baia, facilita o cavalariço, favorecendo seu hábito de individualizar assim o uso desse material.

Problema: Apetite anormal, barriga estufada, cólicas freqüentes.

Dica : Um programa de vermifugação onde todos os animais do haras sejam tratados no mesmo período e sob orientação veterinária é fundamental, pois mesmo vermifugando-se individualmente seu animal, este rapidamente será reinfestado graças aos animais ainda parasitados.

Problema: Manias adquiridas do cavalo em morder, escoicear ou de ficar intimidado num canto da baia com sua presença.

Dica : Provocações, brincadeiras de mau gosto, maus tratos ou mesmo despreparo dos funcionários durante o manejo diário aos animais, são causas que induzem mal comportamento dos eqüinos e uma vez fixado na memória do animal, podem gerar respostas instintivas, oferecendo riscos de acidente ao seu proprietário ou uma outra pessoa desavisada.

Por mais conhecido que seja seu animal aproxime-se sempre observando-o atento a qualquer mudança de comportamento, checando o corpo se possui algum ferimento e lembre-se que ele possui personalidade própria e, portanto poderá estar também num péssimo dia, daqueles em que gostaria de ficar quieto sem ser incomodado.

Visitar o haras em algum dia inserto ou estreitar amizades com outros proprietários oferece subsídios para melhores conclusões sem falar na possibilidade de ajuda mútua na observação de seus animais.

Problema: Selando o cavalo de fim de semana ele escoiceia, corcoveia, parece que se tornou selvagem e corre pela pista parecendo que nenhuma cerca o deterá.

Dica : Ausência de exercício semanal, alimentos muitos energéticos para animais inativos, arreios muito apertados logo de início ou parte deste que o esteja incomodando, são as causas mais comuns.

Não tenha pressa ao lidar com o seu cavalo, mesmo que de fim de semana.

Solte-o no piquete, deixe-o correr, brincar, rolar na areia, mesmo que depois você tenha que escová-lo novamente. Exercite-o mesmo que dez ou quinze minutos, dê-lhe um bom banho e depois de seco e relaxado coloque a sela e os equipamentos.

Dirija-se para a pista com calma aquecendo-o e exigindo os movimentos de forma gradativa. Mesmo quando tratar-se do passeio de costume.

Conclusão: Verifique as mudanças de comportamento obtidas e constatará que valeu a pena o tempo aparentemente perdido buscando estas medidas que estão ao nosso alcance.

Em seu treino ou passeio de costume, terá um resultado sempre positivo, com a saúde que seu animal merece e principalmente sem riscos. Isso é posse responsável, zelando pelo animal que é seu companheiro.

Lembre-se sempre que o cavalo na natureza, para fugir de seus predadores, foram selecionados em altura, reflexos fulminantes e desempenho em velocidade. O homem ao domesticá-lo, selecionou-o segundo suas necessidades e ao colocá-lo em uma cocheira, privou-o da liberdade de andar, trotar e galopar, e, limitando-o em suas habilidades, acabou propiciando acúmulo de energia e problemas psíquicos aos quais o homem moderno também esta sujeito a sofrer. Portanto, propiciar saúde, fornecer-lhe carinho e exercícios, mesmo que por alguns minutos antes de utilizá-lo como montaria é o mínimo que se pode fazer para resgatar na alma de seu cavalo o prazer de sentir-se vivo e em liberdade.

 

 Moacyr Dal Bom - Biólogo Centro de Controle de Zoonoses / Secr. Municipal da Saúde- PMSPCelular: (11) 9137-3997 Telefone: (11) 6224-5536 (CCZ)E-mail: [email protected] Voluntário em equoterapia ? São Paulo ?S.PPraticante da modalidade rédeas ? Socorro - SP

 

 

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