16/03/2023 • 17h28

Boas práticas adotadas na Vaquejada garantem o Bem-Estar Animal durante competições equestres

Protetor de rabo para bois, “colchão” de areia, inspeção de equipamentos e avaliação física dos animais são medidas obrigatórias nas provas da ABQM

A Vaquejada é uma tradição cultural nordestina que começou há mais de 100 anos com a lida do boi na caatinga, um tipo de vegetação rasteira, de poucas folhas, galhos retorcidos e espinhos. A profissionalização da técnica e a regulamentação da modalidade esportiva tornou a Vaquejada um dos maiores esportes do Quarto de Milha no país.

“A Vaquejada surgiu no Nordeste como ‘pega de boi’ e como esporte tem evoluído e se profissionalizado, cada vez mais, com o apoio dos próprios atletas. Hoje, as práticas de Bem-Estar Animal adotadas na modalidade esportiva contribuem para que novas técnicas possam ser utilizadas também na lida no campo”, explica Fernando Barbosa, médico veterinário e juiz de Bem-Estar Animal da Vaquejada.

Para as provas oficiais e oficializadas da Associação Brasileira do Quarto de Milha (ABQM), além da chancela da Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ), uma série de procedimentos obrigatórios para a garantia do Bem-Estar dos animais também são adotados.

“Todas as provas da Vaquejada Legal precisam cumprir vários protocolos, sendo o principal deles o uso do protetor de cauda que impede o animal de sofrer lesões durante as competições. O equipamento é feito com uma malha entrelaçada que é acoplada no rabo do boi. Quando o vaqueiro faz a tração para a derrubada, a força é distribuída por toda a cauda”, explica Barbosa.

Além do protetor, outras práticas também são obrigatórias como o uso de um “colchão de areia”, inspeção de equipamentos e avaliação física de todos os animais (tanto bovinos quanto equinos), antes e depois das provas.
“A pista onde ocorrem as disputas têm uma camada de areia de pelo menos 40 cm para minimizar o impacto da queda. Temos também um rodízio de animais para garantir o descanso da boiada. Além disso, cada boi só participa, no máximo, de quatro disputas por dia e todas as competições são acompanhadas por um juiz de equipamento e/ou Bem-Estar Animal que é responsável por cumprir o regulamento e punir qualquer competidor que descumpra as regras”, reitera Barbosa.

Após a participação nas disputas (que duram menos de 2 minutos), os bois retornam para o curral de descanso. Todo o acompanhamento dos animais é feito pelo juiz de Bem-Estar. “Desde que o gado chega para a prova, já direcionamos o rebanho pro curral que conta com um espaço físico amplo e confortável para os bois se movimentarem e deitarem, além de água e alimentação disponível”, destaca o médico veterinário.

Protetor de cauda – O vaqueiro e empresário piauiense, Moaci Ribeiro, foi o responsável pelo desenvolvimento do protótipo teste, junto com o irmão que é engenheiro civil. O equipamento já patenteado é certificado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a ABVAQ, sendo o único modelo com o uso autorizado na Vaquejada Legal.

“A malha expansiva tem um formato cônico que se adequa a todo o rabo do boi. A técnica desenvolvida permite que na hora da puxada, o protetor faça a divisão da força por igual em toda a extensão da cauda do animal. O equipamento fica preso na base do rabo por um fixador ortopédico (braçadeira), sem qualquer incômodo ou desconforto ao animal”, explica o vaqueiro e criador do protetor.

Desde 2016, a Vaquejada é considerada patrimônio cultural imaterial do Brasil. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) aprovou o Regulamento Geral da ABVAQ para a garantia do Bem-Estar Animal no esporte. A entidade é responsável pela chancela das provas oficiais e oficializadas e também fiscalização do cumprimento das normas.

“O esporte começou com a rotina do vaqueiro na caatinga e se tornou uma tradição e manifestação cultural. Nos últimos 10 anos, a Vaquejada vem se modernizando de forma significativa e hoje é um laboratório de boas práticas para a lida no campo. A ABVAQ criou um regulamento único, que trouxe desde técnicas sofisticadas de doma racional (já utilizadas nos EUA), até medidas simples como ‘tanger o boi’ usando uma varinha com um saco plástico preso na ponta. Essas, entre outras, medidas de Bem-Estar são adotadas no do dia a dia das fazendas de todo o Brasil, graças à evolução da Vaquejada”, conclui Pauluca Moura, vice-presidente da ABQM e presidente da ABVAQ.

Publicador de Conteúdos e Mídias

PUBLICIDADE

Conteúdo Relacionado

NOTÍCIAS

Veja também

Publicador de Conteúdos e Mídias

Fique por dentro de todas as novidades das Eleições ABQM 2023

Parceria entre ABQM e Unesp de Araçatuba: compromisso com o Bem-Estar Animal

O elo entre as duas entidades visa contribuir na formação de profissionais da área, que estão ligados diretamente ao Bem-Estar Animal

19/09/2024
QM mostrou mais uma vez sua versatilidade na Expointer

O próximo encontro dos quartistas será no Congresso e Copa de Laço Comprido no interior do estado gaúcho

17/09/2024
Bem-estar animal: a atenção nº 1 da ABQM

Ao longo dos anos a Associação vem dando total atenção a esta importantíssima causa

13/09/2024
Stud Book da ABQM implementa novas ações responsáveis com o meio ambiente

O Certificado de Registro Animal passa a ser digital, mas proprietários ainda poderão escolher a versão impressa

12/09/2024