Nesta matéria vamos conhecer um pouco mais dos bastidores que envolvem os grandes eventos oficiais da ABQM e, principalmente, este 33º Congresso Brasileiro, que aconteceu de 10 a 21 de abril, no Recinto Clibas de Almeida Prado, na cidade de Araçatuba (SP). Meu bate-papo é com o dr. Carlos Guilherme de Castro Schutzer, o popular ‘Xuxu’, médico veterinário dos mais conhecidos no meio quartista e proprietário da EmbrioEqui – Centro Avançado de Reprodução Equina, localizado em São Simão (SP). Ele conta que começou a prestar seus serviços em eventos oficiais da ABQM em 2003, exercendo seu profissionalismo como Responsável Técnico. Período esse que ainda as inspeções eram feitas nas pistas e manualmente, com preenchimento dos formulários em papel.
“Agora, completando 21 anos de experiência, posso afirmar que neste 33º Congresso, o trabalho é completamente realizado com técnicas e equipamentos apurados e, restrito em único local, em uma determinada área do parque. Nosso ‘QG’ estava localizado bem ao lado da entrada dos animais no recinto, onde fica o setor que emite a Guia de Transportes de Animais (GTA),”, inicia Xuxu.
Sua principal atividade nos eventos é executar e acompanhar a inspeção sanitária dos cavalos desde o desembarque no recinto, e sempre com foco no bem-estar do animal. Começa com a checagem do chip, depois se a relação dos exames exigidos e, por fim, uma vistoria clínica completa, onde é analisado se o animal apresenta algum sintoma por lesão, se demonstra estar claudicando. E caso isso ocorra, ele pode até bloquear sua entrada. “Quando sentimos que necessitamos de uma checagem mais detalhada, então chamamos o dr. Reinaldo Campos, responsável pelo Plantão Veterinário 24 Horas, além do dr. Nitta (Thiago Yukio), inspetor do Bem-Estar Animal. A gente faz essa triagem em conjunto e decide se será necessário barrar a sua entrada no evento”, destaca XUXU, que informa que é muito raro isso acontecer, pois os animais em sua grande maioria se mostram muito bem cuidados.
Exames requisitados para entrada no parque
O dr. Schutzer relaciona os exames exigidos na recepção aos animais: “Entre eles estão: o exame de Anemia, com o resultado impresso; o de Mormo; o Atestado da Vacina de Influenza; e o GTA, que o proprietário só conseguirá se estiver com os documentos em dia”. Mesmo que seja de conhecimento dos participantes dos campeonatos, Schutzer diz que nunca é demais lembrar os responsáveis pelos animais que, todos os documentos devem conter datas de vencimentos sempre depois do término do evento, que seria o prazo de retorno a origem.
“Se os exames tiverem datas que vençam durante o evento, esses animais não poderão entrar no parque, inclusive pelas normas do GEDAVE (Gestão de Defesa Animal e Vegetal), órgão de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo. Aliás, caso isso ocorra, a pessoa não conseguirá emitir o documento, pois o sistema já trava automaticamente”, explica o veterinário.
Xuxu detalha ainda que para garantir total segurança ao evento, para saber se o animal que está entrando no parque é ele mesmo, utilizamos o bastão para a leitura do chip, que já é vinculado ao computador. “Então, se o animal já está cadastrado e o chip homologado, a página dele aparece na tela do computador mostrando o seu registro e o número do chip. A partir daí, a gente confere a resenha para verificar se não precisa fazer nenhuma correção e libera”.
Sobre este assunto, ele complementa dizendo que, se o animal está chipado mas não tem a homologação, essa prestação de serviço é feita também pelo setor. “Nós, como inspetores oficiais credenciados, fazemos uma nova resenha do animal e lançamos seus dados no sistema da ABQM. Como todos os animais estão cadastrados no GEDAVE e por norma não há a necessidade de ser inspetor para cadastrá-lo, qualquer veterinário pode fazê-lo. Então, eles podem chipar e cadastrar o animal, mas não poderão executar a homologação ao SRG da ABQM”, detalha Schutzer.
A inspeção de animais nos leilões
Já em relação ao trabalho de inspeção feita com os animais que vão ser licitados nos leilões, durante cada evento Oficial, ele faz uma análise bem resumida. “Como esses leilões particulares são apoiados pela ABQM, o trabalho de inspeção clínica de todos os lotes fica também por nossa responsabilidade. Ao final de cada procedimento, a gente entrega um relatório aos organizadores do remate, sobre a análise feita lote a lote. E, caso algum deles constate um problema grave, podemos retirá-lo do leilão, sempre pensando em seu bem-estar”. Xuxu ressalta que, quando isso ocorre é explicado ao proprietário do animal o porquê dessa tomada de decisão.
“Já em casos mais habituais e que não venham a prejudicar o animal, seja para sua atividade atlética ou para a reprodução, mesmo assim entregamos o relatório ao leiloeiro para que anuncie ao público o que foi constatado pela inspeção. É uma maneira de resguardar à ABQM em chancelar o leilão. Além disso, se torna também uma maneira de contribuir com o comprador, principalmente para aqueles que estão dando lances pela internet. Em todos esses remates eu estou presente, acompanhando do início até o último lote.”, detalha o veterinário.
Antes de dar sua opinião sobre a atuação da nova gestão em relação ao seu setor e perspectivas futuras, Schutzer explicou que, junto com o dr. Ricardo Vilem, de Avaré (SP), também inspetor oficial, são os responsáveis técnicos do evento e dividem o controle do departamento, comandando uma equipe de dez estagiários. “Obrigatoriamente, sempre um de nós está de plantão para resolver qualquer tipo de assunto. Sobre melhorias, é indiscutível que a construção dos poços artesianos foi fundamental, não só para o nosso setor como para todas as áreas. Logicamente, a cada evento deverão ocorrer novas melhorias. Mas ficou nítida a nova infraestrutura realizada neste 33º Congresso, pois tenho escutado muitos elogios por parte dos competidores sobre vários aspectos e isso é um termômetro bem positivo”, finaliza Schutzer.
Números de aninais no evento
Com base em dados fornecidos pelo dr. Carlos Schutzer, passaram pela inspeção nos 12 dias do evento 5.115 animais. Deste total, 2.808 são referentes aos cavalos Quarto de Milha, além de 2.307 cabeças de gado que foram utilizadas em competições nas seguintes modalidades: Apartação; Ranch Sorting; Team Penning; Working Cow Horse; e no Laço (Cabeça, Pé, Dupla, Breakaway Roping e na Individual). E completando as informações, o Departamento de Esportes da ABQM apontou que os 2.808 animais QM que chegaram ao parque pertencem a plantéis de 1.302 proprietários e que vieram procedentes de 21 estados da federação. São eles: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RS, SC, SP e TO.
Por: Abdalla Jorge Abib
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