Controle da sazonalidade e avanços em hormonioterapia aplicada à reprodução
Entre os métodos existentes para estimular as éguas a ciclarem mais cedo, o mais eficiente e utilizado é a iluminação artificial
Controle da sazonalidade e avanços em hormonioterapia aplicada à reprodução
Entre os métodos existentes para estimular as éguas a ciclarem mais cedo, o mais eficiente e utilizado é a iluminação artificial
O principal desafio do profissional que atua em reprodução eqüina é o de elevar a eficiência reprodutiva de animais de alto valor genético. O crescente interesse pela aplicação de bio- tecnologias, em criatórios de eqüinos, faz com que o controle da sazonalidade e a terapia hor- monal sejam ferramentas importantes para a maximização dos índices reprodutivos e a otimização das técnicas de biotecnologias da reprodução.
1. Fases da Estacionalidade Reprodutiva:
Sazonalidade reprodutiva é o fenômeno pelo qual as fêmeas eqüinas apresentam atividade sexual somente durante a estação de monta, ou seja, durante a fase de maior luminosidade que, normalmente, compreende o período de outubro a março. A fase que antecede este período chamamos de transição de primavera, que vai de agosto a outubro e as éguas começam a ciclar, porém, apresentam cios prolongados e anovulatórios (não chegam a ovular).
Após a estação de monta, temos a fase de transição de outono, que vai de março a maio e as éguas vão parando de ciclar, com as mesmas características de cios prolongados e anovulatórios. Depois desta fase, as éguas entram em um período de anestro (ausência de cio) que se estende de maio a agosto.
Gráfico das fases da estacionalidade reprodutiva
2. Controle da Sazonalidade:
Na raça Quarto de Milha, que o ano hípico começa no início do mês de julho, é interessante que possamos antecipar a fase de estação de monta para que as éguas fiquem gestantes a partir de agosto e, conseqüentemente, os potros comecem a nascer a partir de julho. Além disso, com o aumento das transferências de embriões, também se faz necessário antecipar e, em alguns casos, até prolongar a fase de estação de monta para aumentarmos a quantidade de ciclos férteis de doadoras e receptoras e, conseqüentemente, aumentarmos o número de embriões recuperados/estação.
Entre os métodos existentes para estimular as éguas à ciclarem mais cedo, o mais eficiente e utilizado é a iluminação artificial. Esta, deve-se iniciar no dia 21 de junho (início do solstício de inverno = dia mais curto do ano) e se prolongar até ocorrer a primeira ovulação das éguas. Trabalhos recentes mostram que éguas colocadas em luz artificial por 5 horas/dia (das 17 às 22 horas) estarão ciclando normalmente e prontas para serem utilizadas após 35 a 40 dias do início do programa de iluminação artificial. É importante lembrar que este método é muito funcional, porém só atinge seus objetivos se as éguas estiverem em bom estado nutricional e sanitário.
Esquema de Iluminação artificial 3. Agentes indutores de ovulação:
São os hormônios mais freqüentemente utilizados no manejo reprodutivo de eqüinos. Entre eles, o HCG (Vetecor, Chorulon, etc...) e derivados de GnRH (Deslorelina) são os mais adequados para fins de indução de ovulação em éguas. Ambos os hormônios quando aplicados em éguas reduzem a duração do cio e induzem a ovulação, que ocorre entre 36 e 48 horas após sua aplicação, porém devem ser aplicados em éguas com folículo > 35 mm de diâmetro e com expressivo edema uterino (avaliados somente por intermédio de ultra-sonografia).
O HCG é o hormônio mais utilizado na rotina; contudo, ele adquire uma refratariedade (diminui o seu efeito) após a quarta aplicação consecutiva, o que nos obriga a utilizar outros agentes indutores de ovulação, principalmente em éguas doadoras de embriões que repetidas vezes são tratadas em uma estação de monta. Assim, a Deslorelina, que não adquire esta refratariedade, tem sido hoje um dos indutores de ovulação mais utilizados na reprodução eqüina.
O Extrato de Pituitária Eqüina (EPE) também tem demonstrado excelentes resultados na indução da ovulação, porém o maior obstáculo para o seu uso é que ainda é pequena a sua disposição comercial no mercado.
Com o uso destes agentes para indução da ovulação na égua, conseguimos reduzir para uma única inseminação ou cobertura, com as seguintes vantagens:
- Diminuir os custos com coleta, envio e transporte de sêmen refrigerado;
- Programar uma rotina adequada de coleta de sêmen para os garanhões;
- Menor resposta inflamatória no útero de éguas susceptíveis;
- Melhores resultados na utilização de sêmen congelado próximo à ovulação.
Imagem de indução de ovulação
Controle com ultrasonografia
Esquema de sincronização de cio com Prostaglandina
4. Indução e sincronização do estro (cio):
A Prostaglandina (PGF2alfa) e seus análogos são os hormônios mais comumente usados para indução do cio em éguas, devido ao seu efeito luteolítico, o que permite que estas entrem em cio rapidamente quando têm a presença de um corpo lúteo (CL) no ovário. O tratamento com PGF2alfa em éguas que tem CL maduro resulta em cio em 2 a 4 dias e em ovulação em 7 a 12 dias.
Uma opção de baixo custo e eficaz na sincronização de cios é o uso da PGF2alfa em duas aplicações com intervalo de 14 dias. Outra opção seria determinar os animais que tem a presença de corpo lúteo com mais de 5 dias, e aplicar a PGF2alfa.
Outra opção seria a aplicação de Progesterona LA (P4 LA) para suprimir o estro e a ovulação, e após 10 dias aplicar uma dose de PGF2alfa para induzir o cio nas éguas.
Quadro ilustrativo com esquema de superovulação 5. Superovulação:
A indução de múltiplas ovulações em éguas pode ser usada como um método para se aumentar o número de embriões e, conseqüentemente diminuir os custos da transferência de embriões (TE), para se obter múltiplos folículos para coleta de oócitos ou de embriões, para aumentar a fertilidade de éguas inseminadas com sêmen congelado ou para aumentar a taxa de prenhez de éguas cobertas com garanhões de baixa fertilidade.
Um dos mais recentes avanços em indução de múltiplas ovulações em éguas é a utilização de baixas doses de Extrato de Pituitária Eqüina (EPE). Temos utilizado como rotina a dose de 6mg de EPE duas vezes ao dia, onde em vários programas comerciais a taxa de ovulação média é de 1,8 ovulação por égua tratada, com uma média de 1,2 embrião por lavado, o que tem garantido a recuperação do dobro de embriões esperados por estação e um embrião, pelo menos, por lavado.
Trabalhos recentes demonstram que o tratamento com baixas doses de EPE em éguas idosas melhoram o índice de fertilidade e a qualidade de embriões recuperados destas éguas.
6. Utilização de éguas não ciclantes como receptoras de embrião:
O uso da Progesterona (P4) em éguas receptoras de embriões, no início e final da estação de monta, tem se tornado freqüente no Brasil. Este protocolo é importante, pois sabidamente as éguas doadoras começam a ciclar mais cedo do que as receptoras no início da estação de monta, bem como deixam de ciclar mais tarde no final da estação.
Trabalhos recentes demonstram que este tratamento é seguro na manutenção da gestação, permitindo a obtenção de altos índices de taxa de prenhez após transferência de embriões.
No protocolo que usamos, as receptoras em anestro são tratadas por 3 dias consecutivos (após a ovulação da doadora) com estrógeno sendo iniciado o tratamento com Progesterona de longa ação (P4 LA) um dia após a última aplicação de estrógeno; no dia da TE repete-se a administração de P4 LA. O tratamento com Progesterona é continuado semanalmente até os 120 dias de gestação da receptora.
É de suma importância que o veterinário supervisione os tratamentos, pois a falha em uma aplicação certamente levará a perda da gestação.
Dr. Carlos Guilherme de Castro Schutzer (Xuxu) é Médico Veterinário (CRMV/SP-10462), proprietário da EMBRIO-EQUI (Centro Avançado de Reprodução Eqüina), em São Simão (SP), e é inspetor oficial da ABQM. Tels.: (16) 9773.5805 / (16) 9234.8457
e-mail: [email protected] e site: www.embrioequi.com.br
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