Cuidados com seu cavalo atleta
Prevenções com o cavalo de competição que você deve ter antes, durante e após a participação nos eventos
Prevenções com o cavalo de competiçãoque você deve ter antes, durante e após a participação nos eventos
Em nossa clínica e principalmente consultando a literatura especializada em eqüinos , notamos uma crescente procura por animais que se destinam á prática de esporte.Um fator importante a ser considerado é que a raça Quarto de Milha é a que mais cresceu nos últimos anos, tanto no mundo quanto no Brasil. Além do mais, trata-se de um animal versátil, dócil e que se adaptou perfeitamente ás várias modalidades, como: Tambor, Baliza, Apartação, Laço, Corrida, etc ...Com isso houve também um substancial aumento dos eventos e as provas tornaram-se muito mais competitivas.Logo, torna-se de vital importância um check-up no animal antes das competições.Para tanto, de forma suscinta e fácil compreensão, colocamos algumas dicas que freqüentemente podem ajudar no preparo do seu animal.
1) CUIDADOS COM O ANIMAL DURANTE O TRANSPORTE
Viagens são sempre estressantes para os cavalos. Logo, deve-se evitar qualquer tipo de tensão ou esforço por parte do animal, principalmente no momento do embarque e desembarque.No dia da viagem, não se recomenda alimentá-lo com ração (concentrado ou energético). Deve-se fornecer somente capim verde e água evitando-se, assim, ocorrência de cólicas durante a viagem.Deve-se, ainda, proteger algumas regiões do animal, tais como boletos, canelas e jarretes, através de espumas e faixas.Deve-se evitar colocar cavalos inteiros (não castrados) próximos (principalmente ao lado), e quando a viagem for muito longa é necessário uma parada para descanso dos animais (movimentar, beber água e comer capim).
2) UMA REVISÃO ATENTA PARA O APARELHO LOCOMOTOR
Os eqüinos em geral são propensos a acidentes e, freqüentemente, se machucam devido á sua força física, tamanho e temperamento. Esses acidentes podem ser oriundos de embarque e desembarque, cocheiras inadequadas, assim como as várias atividades atléticas, onde a capacidade do animal é exigida ao máximo.Os traumatismos afetam principalmente os locomotores e o primeiro sintoma é a claudicação (manqueira). As causas mais comuns são: pedra entre a ferradura e a sola, cravo mal pregado (principalmente por dentro da linha branca), desgaste com ferimento da sola, em animais desferrados, devido á falta de concavidade da sola e ausência de muralha de sustentação (casco raso); ferraduras encostando na sola; necrose da ranilha ou casco com broca; doença do osso navicular; laminite (aguamento); calcificações, estiramento de tendões e ligamentos e feridas em geral.Uma atitude bastante útil é a retirada das ferraduras quando o cavalo aparece manco e apresenta os cascos excessivamente quentes e com pulso digital. Essa manobra evita que um simples hematoma de sola ou uma broca, possa evoluir para um caso muito mais grave de manqueira, ou seja, um aguamento.
3) CHECK-UP NOS APARELHOS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR
Sem dúvida nenhuma, essas são atribuições exclusivamente dos médicos veterinários e é importante que se tenha um profissional experiente que possa fazer um exame completo em seu animal antes das competições.Em um levantamento feito na Equine Center Clínica Veterinária, nos últimos 15 anos, as doenças respiratórias ocupam o segundo lugar entre as patologias comumente encontradas, suplantada somente pelos problemas locomotores. Na maioria dos casos, essas doenças respiratórias são altamente contagiosas e de origem virótica. Portanto, não se dispõe de um tratamento verdadeiramente específico. Conseqüentemente, é necessário lançar mão de métodos de profilaxia que protejam os animais. As medidas sanitárias desempenham um papel de extrema importância na prevenção das doenças respiratórias, assim como as vacinações.A investigação cardiológica aplicada á medicina esportiva é de suma importância, tanto para a análise do potencial de desempenho atlético quanto para a avaliação da evolução de condicionamento físico. Isso possibilita também detectar disfunções que se apresentam na maioria das vezes não como enfermidade, mas sim como intolerância ao exercício físico, também conhecida como síndrome da performance inadequada, podendo muitas vezes conduzir o animal a um nível de desempenho físico abaixo da expectativa ou em casos extremos até á morte súbita, durante as competições.
4) MIOSITE
Consiste em um processo inflamatório que acomete os músculos esqueléticos do cavalo. Pode resultar de trauma direto ou indireto sobre o músculo e pode ocorrer como processo secundário em algumas doenças.A ação direta pode ocorrer nos grandes esforços de contração e extensão de certos grupos musculares, ultrapassando a capacidade das fibras em se contrair e relaxar.A miosite pode ainda ser observada como uma forma de cansaço ou fadiga muscular.O trabalho muscular contínuo e intenso leva a grande consumo das reservas energéticas. Inicialmente com metabolismo aeróbio e mais tarde, devido á deficiência de oxigênio às células; a um metabolismo anaeróbio, com produção de ácido lático.Clinicamente, a miosite se manifesta com uma ligeira incoordenação motora, principalmente nos membros posteriores e discreta sudorese. Alguns cavalos apresentam dificuldades em se movimentar e os músculos tornam-se sensíveis á palpação. O animal quando movimenta, pode apresentar a coluna curvada (xifose) devido à dor e o passo fica mais curto.O tratamento consiste em repouso, fluidoterapia (dar preferência ao ringer com lactato de sódio), antiinflamatório não esteroidal, vitamina B1, vitamina E e selênio, relaxantes musculares. Eventualmente, quando o quadro clínico de acidose metabólica for mais grave, deve-se aplicar de 1 a 3 g de bicarbonato de sódio para cada litro de solução infundida.Quanto á alimentação, deve-se evitar o excesso de grãos ou de carboidrato.Uma dica importante seria, para os animais predispostos a esse quadro, reduzir a ração pela metade nas 24 hs antes da prova e adicionar aproximadamente 20 ? 30 gramas de bicarbonato de sódio na água.Lembre-se sempre que você não deve nunca ultrapassar a capacidade de trabalho do seu animal.
5) PREVENÇÃO DA CÓLICA ATRAVÉS DO MANEJO
Sem dúvida nenhuma, a síndrome cólica ainda é o principal temor de inúmeros proprietários de cavalos, tanto pelo perigo que esta síndrome representa, quanto pelo tratamento dispendioso que ela acarreta.É importante termos em mente, que a incidência de cólicas pode ser reduzida drasticamente pela simples modificação do manejo alimentar. O trato digestivo do cavalo é projetado para um consumo contínuo de alimentos ricos em fibras. Os alimentos passam rapidamente através do estômago e intestino delgado, antes de atingirem o intestino grosso, onde são fermentados pelos microorganismos intestinais.Entretanto, o trato digestivo dos eqüinos é mal projetado para refeições grandes de rações concentradas, formadas por grãos ricos em amido. Freqüentemente, menos de 60% dos grãos são digeridos no intestino delgado. O amido que escapa desta parte do trato digestivo é rapidamente fermentado, produzindo ácido lático por certas bactérias no intestino grosso.Esse ácido lático diminui o PH intestinal, causando a morte de outras bactérias intestinais que liberam toxinas e causam as cólicas.Vejamos então, algumas medidas de manejo que podem reduzir esta incidência:5-a) Bom programa de controle parasitário, uma vez que os parasitas intestinais são a maior causa de cólicas nos cavalos.5-b) Fornecer forragem em abundância. Recomendamos um consumo diário de 1kg de forragem para cada 100 kg de peso vivo do animal.5-c) Aumento na freqüência da alimentação. Não recomendamos fornecer mais que 2,5 kg de grãos em uma única refeição.5-d) Fornecer culturas de leveduras vivas diariamente, que irão ajudar a estabilizar a fermentação no intestino grosso.5-e) Revisão dentária periódica.
6) PARALISIA PERIÓDICA HIPERCALÊMICA (PPH)
Trata-se de uma patologia que acomete algumas linhagens da raça Quarto de Milha, estando relacionada a um cromossomo dominante. Em vista disto, não se aconselha a utilização desses animais na reprodução.Nesses animais, a concentração do íon potássio (K +) está elevada na circulação sanguínea e conseqüentemente, como sinais clínicos podemos encontrar sudorese, tremores musculares, aumentos da freqüência respiratória e cardíaca e até decúbito (o animal chega a deitar)Como tratamento, deve-se administrar:6-a) borogluconato de cálcio intravenoso na concentração de 0,2 - 0,4 ml/ kg peso vivo.6-b) 6 ml/kg solução de glicose 5% IV.6-c) 1 ? 2 mEq de bicarbonato de cálcio /kg IV.6-d) Fluidoterapia com soro fisiológico NaCl 0,9 %.
7) MANEJO GERAL
Faz-se necessária uma revisão periódica da boca do animal, uma vez que o desnivelamento dentário, pontas ou feridas, podem provocar dificuldades na mastigação dos alimentos e assim contribuir para aumentar a incidência de cólicas por impactações ou mesmo prejudicar a embocadura do animal, diminuindo seu rendimento nas pistas.Recomenda-se ainda, exames periódicos de sangue como hemograma, pesquisa de hematozoários e / ou teste de piroplasmose. Isto servirá para se detectar se o cavalo apresenta algum quadro de anemia (diminuição dos glóbulos vermelhos) ou se há a presença de algum hematozoário, como a Babesia caballi ou Babesia equi.Com relação a desidratação do animal, esta pode ser identificada de forma simples, através do pinçamento da pele na região do pescoço, onde observamos o tempo de retorno da mesma ao normal. O grau de desitratação do animal, pode ser ainda mensurado através do hematócrito (constado no hemograma) onde estabelece uma relação entre células do sangue e o plasma. Quando o animal se apresenta desidratado, essa reposição de eletrólitos pode ser feita por via oral ou parenteral (veia). Isto é de suma importância, uma vez que animais desidratados têm uma diminuição em sua performance.
Dr. Reinaldo de Campos (CRMV ? SP 6018) é médico veterinário chefe da Equine Center, clínica veterinária localizada no Jockey Club de São Paulo (Gr. 39). Tels.: (11) 3032.1155 / 9937.1349e foi o responsável por essa área durante o XIV Congresso Brasileiro da raça Quarto de Milha, realizado no mês de abril em Ribeirão Preto (SP).
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