Garanhão

Dicas para melhorar a eficiência reprodutiva durante a estação de monta

Raramente podemos encontrar éguas que apresentam sinais de cio durante longos períodos do ano, mesmo não estando fisiologicamente em estro

d1

 

Raramente podemos encontrar éguas que apresentam sinais de cio durante longos períodos do ano, mesmo não estando fisiologicamente em estro

Estamos para iniciar uma nova estação de monta. Nesse texto, seguem algumas dicas para melhorar os resultados reprodutivos.

Sugestão de data de início da estação:

Devemos ter como objetivo promover nascimentos no início do ano hípico que começa no dia 1º de julho. Levando em consideração um período médio de gestação de 320 dias, as éguas deverão ser padreadas (cobertas) a partir do dia 15 de agosto. É interessante programar as doadoras, receptoras, potras, éguas paridas e matrizes que não ficaram gestantes na estação anterior, para entrarem em cio por volta do dia 10 de agosto.

O ciclo estral das éguas

Éguas são animais poliestrais estacionais, ou seja, apresentam vários cios durante um determinado período do ano.

A ciclicidade das éguas está diretamente correlacionada com a incidência de luz. Nos estados do norte e nordeste, onde ocorrem dias longos com muita luminosidade durante todo o ano, as éguas ciclam normalmente de janeiro a dezembro. Já nos estados das regiões sul, sudeste e parte da região centro-oeste, as éguas ficam um longo período em anestro (sem ciclar), e, no final do inverno e início da primavera ocorre um período de transição.

Nesta fase, os cios são longos e muitos sem ovulações. Uma prática de manejo recomendado para este período, visando o início da estação em meados de agosto, é colocar as fêmeas a serem padreadas em um programa de luz artificial. Deverão ficar parte da noite sob iluminação de lâmpadas quentes, 60 a 90 dias antes do início da estação de monta.

Como acompanhar o ciclo estral

As éguas apresentam ciclos de 20 a 22 dias com períodos de cio (estro) de 5 a 7 dias e diestro de 15 a 17 dias. A maioria delas ovulam 24 a 48 horas antes do final do cio e apenas 12% ovulam após o final dos sinais de cio.

Conhecer estes dados é fundamental para acompanhar o manejo reprodutivo. Em propriedades onde o médico veterinário não acompanha o ciclo das éguas, deve-se adotar planilhas de campo para anotações do comportamento reprodutivo. Apontamentos em agendas não permitem uma fácil interpretação da situação reprodutiva do plantel.

Quando a rufiação é feita diariamente, as éguas podem ter as cobrições iniciadas no 5º dia de cio. Aquelas rufiadas em dias alternados devem começar a ser cobertas no 4º dia de cio. Após terminado o cio, deve-se anotar na planilha uma indicação para que nova rufiação inicie somente 14 dias após. Com isto torna-se desnecessário que esta égua, que estará no período de diestro, venha diariamente para o curral ou unidades de manejo reprodutivo, colaborando para seu bem-estar e reduzindo riscos de estresse e acidentes.

 

d2

 

As rufiações das éguas devem ser feitas com o potro ao seu lado e com segurança mãe e filho

Rufiação e identificação de sinais de cio

Uma rufiação bem feita é fundamental para se obter bons resultados. Mesmo as éguas que são acompanhadas diariamente com exames ginecológicos devem ser rufiadas periodicamente. A rufiação ajuda a desencadear a liberação de hormônios da reprodução sendo uma importante prática de manejo.

Os sinais característicos de cio são bem conhecidos por todos: passividade perante o garanhão, reversão dos lábios vulvares (?piscar?) micção, vulva hiperêmica (muito avermelhada) e procura por garanhões.

É importante lembrar que no 1º e 2º dia do cio, muitas éguas podem permanecer passivas, sem urinar ou apresentar reversão da vulva.

Éguas com potro ao pé e mães muito ciumentas podem ?esconder? os sinais de cio, pois estarão mais preocupadas com a segurança de seu potro do que com a procriação. Algumas éguas e potras simplesmente não exteriorizam sinais de cio. Neste caso é fundamental o acompanhamento do médico veterinário especialista em reprodução eqüina. Outras fêmeas podem esporadicamente não apresentar cio para o primeiro e para o segundo garanhão que rufiá-la; mas podem exteriorizar sinais de cio para um terceiro garanhão.

Raramente podemos encontrar éguas que apresentam sinais de cio durante longos períodos do ano, mesmo não estando fisiologicamente em estro.

Os rufiões devem ser enérgicos e sem maldades ao realizarem o trabalho de rufiação. Sugere-se que uma vez por semana possam cobrir uma égua ou ter seu sêmen coletado para que mantenham um bom libido (instinto ou desejo sexual).

 

d3

 

O exames ginecológicos são fundamentais para um bom controle reprodutivo

Cio do potro

A utilização ou não do cio do potro já foi tema de muitos debates. A grande maioria dos especialistas concorda que a cobertura ou inse­minação artificial nesta fase deve ser realizada. Entretanto, cios do potro de partos ocorridos antes do dia 8 de agosto não devem ser padreados, pois haverá grande risco de se ter um potro mal nascido.

A crença popular diz que ?as éguas empre­nham no 7º dia pós parto?; na verdade a maioria das ovulações no cio do potro ocorrem entre o 8º e o 10º dia.

Diagnósticos de gestação

Somente um experiente médico veterinário pode confirmar a gestação. Este diagnóstico pode ocorrer no 9º ou 10º dia, por intermédio da ultra-sonografia, sendo mais seguro sua realização a partir do 12º dia pós ovulação. Por meio da palpação retal os diagnósticos podem ser feitos a partir do 16º ou 17º dia de gestação.

Se ela não apresentar sinais de cio entre o 15º e o 20º dia após a cobrição e término do cio, pode ser apenas um indicativo de gestação, mas nunca comprovação de que a fêmea está gestante.

 

d4

 

Em um mesmo rebanho algumas éguas apresentam diferentes comportamentos sexuais Uso indiscriminado de hormônios

O uso de hormônios somente deve ser feito mediante prescrição médica. Seu uso indiscriminado pode provocar grandes desastres como sub-fertilidade ou infertilidade.

Problemas reprodutivos

Eqüinos de ambos os sexos são susceptíveis a uma série de diferentes problemas reprodutivos que somente podem ser diagnosticados por um médico veterinário. Portanto, o acompanhamento da estação por um profissional experiente é fundamental para se obter ótimos resultados.

 Tempo de viabilidade do sêmen e do óvulo

O sêmen da maioria dos garanhões tem o período médio de viabilidade de 48 horas sendo então aconselhado que as cobrições ocorram dentro deste intervalo.

Os óvulos possuem tempo médio de vida de 6 horas. Portanto, as éguas devem ser cobertas sempre antes de sua ovulação.

 

d5

 

A transferência de embriões é uma bioténica regulamentada pela ABQM Manejo dos garanhões 

Teoricamente um garanhão pode realizar 180 saltos por estação de monta mas este número com certeza desgastará o animal. Plantéis que possuam grande número de éguas devem ter acompanhamento reprodutivo profissional pelo menos três vezes por semana.

Potros em treinamento para serem garanhões devem antes do início de suas atividades reprodutivas assistir a garanhões mais experientes e calmos realizarem saltos em éguas ou manequins. Ao realizarem suas primeiras montas não deverão existir outros garanhões por perto.

Biotecnologias da reprodução

Técnicas como inseminação artificial, transferência de embriões e congelamento de sêmen são perfeitamente possíveis de serem empregadas em fazendas, haras ou centros hípicos. Entretanto, o seu sucesso depende de alguns fatores:

1) Médico Veterinário com experiência comprovada em reprodução eqüina

2) Instalações adequadas

3) Boa equipe de trabalho e apoio

4) Equipamentos apropriados

5) Eficiente manejo alimentar

6) Disponibilidade de sêmen

7) Integração do proprietário com a equipe

8) Condições de bem-estar animal.

Para finalizar, é importante lembrarmos que estamos lidando com vidas. No campo das ciências biológicas exceções podem ocorrer com freqüência. Na espécie eqüina, podemos encontrar diferentes comportamentos entre animais de um mesmo plantel. Portanto, a observação e aguçado senso de percepção de profissionais e proprietários são fundamentais para o sucesso reprodutivo.

* Dr. Haroldo Vargas Leal Júnior é Médico Veterinário (CRMV-MG 3811) da Equus Gerais Veterinários Associados e inspetor oficial ABQM.Tels.: (31) 8799.4699 / (32) 3229.7777 ? e-mail: hvargas@uai.com.br

Publicador de Conteúdos e Mídias

PUBLICIDADE

Conteúdo Relacionado

RELACIONADOS

Confira os conteúdos relacionados a esse

EDBERG VERDE vence o 46º GP ABQM Potro do Futuro de Velocidade

O alazão foi o campeão da prova de R$ 602 mil e se tornou o primeiro QM da história de corrida a ultrapassar a marca de R$ 1 milhão em prêmios no Brasil

11/07/2023
Ver mais
ARTIGOS

Veja também

Publicador de Conteúdos e Mídias

Fique por dentro de todas as novidades das Eleições ABQM 2023

Cruzamentos “Mágicos” do Quarto de Milha

A criadora e membro do Conselho de Administração da ABQM, Maria Clara do Amaral Cambrai, baseada em dados fornecidos pela Equi-Stat stallion Pages, da Revista The Quarter Horse News Stallion Register (2007 e 2008)

27/09/2023
Arterite viral eqüina

​É uma doença infecciosa provocada pela ação de um vírus que se manifesta por meio de sintomas respiratórios e ocorrência de aborto em éguas, isso devido às lesões causadas nas pequenas artérias. Apesar do vírus ter sido identificado pela primeira vez na Europa, no ano de em 1953, a maior parte das informações dessa doença vem dos Estados Unidos. Na América do Sul, o vírus foi isolado pela primeira vez, a partir do sêmen de um garanhão soropositivo na Argentina. ​

28/08/2023
Educação Eqüestre

Um cavalo que passa por períodos de intensas confusões no começo da sua carreira, com certeza acabará se tornando mais nervoso, medroso, angustiado, inseguro, frustrado ou ressentido

15/08/2023