27/08/2024 • 13h21

Diretoria do Jockey de Sorocaba projetando melhorias

Com raízes na Vaquejada, o paraibano Jonatas Dantas vem dirigindo o turfe quartista

Originário de Uiraúna, no estado da Paraíba, Jonatas de Oliveira Dantas Filho, viveu e cresceu em uma família de nove irmãos. Seu nome é originário de seu pai, que era vaqueiro e corria com um cavalo Quarto de Milha chamado Peça Fina na ‘Pega de Boi’, prática realizada em campo aberto, que depois mais estruturada passou a ser conhecida como Vaquejada. Jonatas, conta que, com 17 anos se aventurou e foi morar na casa de seu tio no Rio de Janeiro (RJ). “Em 1986, participei de um bolão de Vaquejada, na cidade de Xerém, que fica uns 80 km da capital, e com a ajuda do meu tio adquiri uma pequena área de seis hectares que tinha uma pista de Vaquejada e que mais tarde transformei no Parque Ana Dantas. Nome este que dei em homenagem a minha família, principalmente, a da minha avó, que se chamava Ana Dantas”, relata ele.


Com o passar do tempo Jonatas se tornou um entusiasta da modalidade e de outros esportes equestres. Daí cresceu a ideia de começar a criar e ter um garanhão para a Vaquejada e que fosse campeão da modalidade. Então, passou a viajar pelo Nordeste na procura do seu cavalo ideal. “E esse desejo eu atingi numa competição no estado de Alagoas, onde conheci um tordilho negro, muito bonito, que se chamava Silver Wild SLN”, revelou o criador. Ele disse que passou quase três anos trabalhando e treinando o cavalo: “Com o Silver Wild eu venci o Circuito Nacional Mastruz com Leite e ganhei uma caminhonete entre 250 duplas. Depois seguimos e vencemos também o Circuito Ford de Vaquejada”.


‘Roxão”: nome que se tornou símbolo

A partir dessas importantes conquistas, passaram a vencer outros eventos no cenário nacional até que numa votação na Revista Conexão Vaquejada, Silver Wild SLN foi batizado com o apelido de ‘Roxão’. “E este nome se tornou o símbolo do Haras, inspirado na reprodução de uma foto tirada pelo Álvaro Maia, com minha filha mais nova, que tinha apenas três anos de idade, e estava ao lado do Roxão”, revelou Dantas.


Sem dúvida o garanhão foi um divisor de águas em sua história na raça Quarto de Milha, o levando a promover um leilão exclusivo dedicado ao cavalo, em Xerém (RJ). “Antigamente não tínhamos leilões nas Vaquejadas e criei este primeiro em 2001 cotizando o Roxão, onde vendemos 50% de suas cotas por R$ 20 mil cada. Então, a partir deste momento, sua genética se espalhou pelo Brasil”, contou Jonatas.


Isso contribuiu para que o garanhão se tornasse atualmente o líder das Estatísticas de Reprodutor de Vaquejada pela ABQM, em todos os tempos, com mais de 2,9 mil pontos através de 217 filhos em campanha nas pistas. Roxão, que foi Hall da Fama ABQM de 2022, produziu inúmeros filhos campeões, destacando-se entre eles os cinco mais pontuados na modalidade: Baira Roxão, Doc Silver Wild, Special Silver AD, Chede Roxa AD, VPJ All Black Wild.


Aliado a isso, a organização das provas em Xerém contribuiu para que Jonatas Dantas se projetasse nacionalmente, inclusive o conduzindo a ser Fundador da Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ) e ainda presidente do Clube do Vaqueiro do Ceará.


E sempre pensando em projetar cada vez o Quarto de Milha na Vaquejada promoveu um leilão da ABQM no Nordeste: “Em 2003 realizamos no Clube do Vaqueiro, em Fortaleza (CE), o 1º Leilão Oficial da ABQM Nordeste, destinando a entidade 2% da receita e que se tornou o maior evento da época, inclusive vendendo no remate o garanhão Eternaly Steel FB (Hall da Fama ABQM 2021)”, detalhou Jonatas.


Mudança para São Paulo



Com um pensamento visionário, ele quis abrir seu leque de atuações, partindo para criar também outras modalidades da raça: “Como parei de fazer provas em Xerém eu quis ter mais opções na minha criação, principalmente, focadas no Tambor e Corrida e fui atras de terras no estado de São Paulo. Foi quando comprei em 2007 a propriedade que era do sr. Valter Wolg, em Boituva, e passei a usar o nome de Haras AD”.


Ele conta que, a partir daí, foi em busca de selecionadas matrizes destas modalidades para fortalecer o plantel: “Eu comecei a compor o plantel visando as provas de Tambor trazendo a Dancer Toro Hes, que é mãe da Brasita Moon ZO, além de outras éguas importantes como, também, a barriga da Cromita MA 10”, destacou Dantas. Já voltado à Corrida, foi logo comprando uma craque: “Simplesmente adquiri a Hipocrisia Dash (Hall da Fama ABQM 2021), que era uma égua que havia vencido três dos mais importantes Grandes Prêmios em Sorocaba: o Torneio Início, o Brazilian Futurity e o Megarace. Na época, paguei por ela R$ 600 mil e me chamaram de louco, mas sem dúvida foi um dos animais que mais trouxe glórias para nós e grande destaque na reprodução”, afirmou ele. Depois dela, Jonatas adquiriu ainda a Queen Darlin SA, uma égua fantástica na reprodução.


Pegando gosto pelo investimento e aliado à sua paixão por cavalos, ampliou seu raio de ação e foi em busca de expoentes de alto padrão genético internacional, importando junto com outros conhecidos criadores o consagrado garanhão Tres Seis. “Quando você almeja atingir seu objetivo, você tem que ir em busca do melhor. Fiquei sabendo através da Denise Athaide, da Central Rancho das Américas, que o Guy Peixoto e o Ivan Melo iriam trazer o Tres Seis. Entrei no grupo e formamos então o condomínio. Graças a Deus, além de nos tornamos grandes amigos fizemos um grande negócio, pois se transformou num dos maiores reprodutores da atualidade”, afirmou Dantas.


A aproximação com o Jockey de Sorocaba

Ele conta que, mesmo antes de comprar o novo haras em Boituva, começou a frequentar o Jockey Club de Sorocaba desde 2007, que era uma Sociedade Anônima e foi fundada por um grupo de criadores do Centro Hípico do Oeste. “No começo fui conhecendo como eram as corridas e o funcionamento do dia a dia do jockey. Posso dizer que foi paixão à primeira vista e aos poucos fui comprando ações, através de liquidações de criadores que as venderam, mas sempre com foco no cavalo. Hoje nós somos sócios majoritários, pois temos quase 50% delas”, informou ele.


Com todas estas aquisições formou um criatório com animais de expressivo patrimônio genético internacional na velocidade, tanto de sua propriedade, como o Tres Seis, ou fazendo parte como cotista de outros comprovados reprodutores, como Fantastic Corona Jr, onde seus filhos vêm se destacando com grandes campanhas no Jockey. Através da performance destes produtos, aliado à sua dedicação e trabalho em prol do cavalo de Corrida, ele foi conduzido ao maior posto da entidade.


Paixão pelo QM o levou à presidente do JCS

Mesmo que boa parte de sua vida tenha sido focada na Vaquejada e, em sequência, dedicando-se também a outras modalidades de competições, sua paixão pelo Quarto de Milha lhe proporcionou avançar em voos mais altos, até sua chegada à presidência do Jockey Club de Sorocaba.


Aliado à sua visão no futuro, Jonatas foi rápido em afirmar: “Quando comecei a frequentar o Jockey de Sorocaba, em 2007, veio na mente criar animais com genética que chamo de “flex”! Praticamente, um três em um, onde a velocidade serviria para Corrida, Tambor e Vaquejada”.


Jonas conta que sua posse como presidente do Jockey Club de Sorocaba ocorreu oficialmente no dia 14 de fevereiro de 2024. “Eu fiz parte de duas diretorias anteriores durante oito anos, sendo vice-presidente, respectivamente, do Mauro Zamboroski e depois com o Érico Braga. Eu aprendi com a experiência deles a conhecer melhor a entidade”, explicou Dantas. Ele disse ainda que, para ser presidente do JCS não é preciso ter eleição, pois quem indica a diretoria é o presidente da S/A do Centro Hípico do Oeste “e, como neste caso sou eu, assumisse as duas presidências”.


Sua diretoria é composta por importantes nomes do turfe quartista, como: Ademir Rorato, Érico Braga, Eugênio Nunes, Francisco Sampaio, Jonathan Weisheimer, Marcos Zaborowski e Nilson Genovesi.


Com o apoio deles e com base em sua experiência administrativa, mesmo com apenas cinco meses de comando, Jonatas disse que, já iniciaram um trabalho para sanar todas as necessidades administrativas do Jockey. Entre elas, ele pontua as principais bem-feitorias: “Logo que assumimos em fevereiro, mesmo pegando o calendário em andamento, nossa primeira ação foi uma intervenção completa, reformando tudo, desde a infraestrutura da pista, incluindo trilhos, mangueira, partidores, esterqueira, tattersall, iluminação geral e toda a área social”.


Sobre 2025, ele já nos antecipou algumas melhorias que serão feitas: “Para o próximo ano, nossa ideia é criar um calendário novo e, no meio do ano, construir uma nova pista, pois, atualmente, ela possui oito trilhos, mas apenas seis cavalos estão competindo, devido a problemas em dois deles”. Segundo informou, a pista tem mais de 30 anos e precisa ser renovada para garantir o bem-estar dos animais. “Para isso, precisamos do apoio da ABQM, já que hoje o JCS é a casa do cavalo Quarto de Milha de velocidade, com mais de 500 cavalos. E com a ajuda de todos os amigos, pretendemos transformar o JCS no maior Centro Equestre da América do Sul”, destacou Dantas.

 

Parceria com a ABQM



Nas duas gestões anteriores da ABQM, de outubro de 2019 até outubro de 2023, que tinham como presidente Carlos Auricchio, Jonatas participou como vice-presidente e disse como será seu relacionamento com a nova presidência da entidade, comandada por Mônica Ribeiro.


“Fui vice-presidente da ABQM durante duas gestões e demos uma grande contribuição. Minha pasta cuidava da política e dos eventos. Sempre defendo a bandeira da política do bem-estar do cavalo Quarto de Milha. O nosso JCS está de mãos dadas e unido com a nova diretoria da ABQM, sempre em defesa do bem das instituições”, explanou ele.


“Ficamos muito contentes com a vinda da presidente Mônica no Jockey, em duas oportunidades, nos prestigiando em alguns Grandes Prêmios e mostrando sua simpatia com todos. Isso é muito importante para a raça”, enalteceu Jonatas.   


Ele relembra que, inicialmente, se tornou conhecido através da Vaquejada. “Fui um dos fundadores da ABVAQ e demos uma grande contribuição aos esportes equestres. Desde a união do nosso movimento de Brasília em 2016, a família do cavalo unida fez o maior movimento pacífico da história de Brasília e inserimos os nossos esportes equestres na Constituição do Brasil”, destacou ele.


Concluindo, Jonas fez questão de expressar seu sentimento sobre o cavalo Quarto de Milha: “É uma dedicação constante pela nossa paixão que é o cavalo e só tenho que agradecer a Deus por tudo o que ele me proporcionou, pois me deu mais que um cavalo! Por isso, digo que a frase de hoje é ‘União do cavalo e das modalidades esportivas’. Minha ideia sempre foi não ver apenas a pessoa, mas sim a coletividade. E sigo a ideia do seu Ovídio Ferreira que sempre disse: ‘Precisamos ver a floresta e não a árvore’!


O surgimento do Jockey de Sorocaba



Tudo começou no dia 24 de maio de 1986, ano que a Sociedade Brasileira de Proprietários de Cavalos de Corrida, que teve como seu primeiro presidente o criador João Demétrio Calfat Junior, conhecido entre os carreiristas como Joca, lançou oficialmente o Centro Hípico do Oeste. Na oportunidade, a Sociedade tinha como vice-presidentes Ovídio Vieira Ferreira e Ruy Assumpção Junior, além de Vicente Mola Netto, como gerente geral.


A solenidade foi prestigiada por inúmeros quartistas que acompanharam a execução do hino nacional e o hasteamento das bandeiras do Brasil, São Paulo e Sorocaba feitas, respectivamente, por Flávio Nelson da Costa Chaves (prefeito de Sorocaba), Joca Calfat (Sociedade de Corrida) e Sérgio Luiz Rodovalho Nouguês (presidente da ABQM).


Sobre esta importante data, o próprio Joca relembra um pouco dessa passagem: “Fiquei por oito anos como presidente da Sociedade e fui o mentor da criação do Jockey Club de Sorocaba, que teve o projeto feito pelo renomado arquiteto Ricardo Julião. E mesmo com a resistência de alguns carreiristas na época, por acharem inviável financeiramente essa construção, fui à frente e junto com dois saudosos criadores, o José Nelson Fakri e o Wellington de Queiróz adquirimos a área no Km 86,5 da Rodovia Castelo Branco, onde está localizado o Jockey”.


Joca informou que, depois de aproximadamente uns vinte dias, começou aparecer vários interessados em participar do projeto para fazerem parte da sociedade. “E com este dia da inauguração no lançamento da pedra fundamental (veja foto), passamos a concretizar este sonho, dando início as construções do Jockey Club de Sorocaba. E como precisava de fazer uma terraplanagem enorme, porque tinha um morro, eu e o Wellington falamos com o prefeito de Sorocaba, Flávio Chaves, que cedeu gratuitamente, seis máquinas para fazer o trabalho”.


E depois destes oito anos dedicados à Sociedade de Corrida, passou o bastão para o conhecido criador Samir Jubran, também já falecido.

 

As primeiras corridas

E o sonho de inúmeros criadores de cavalos Quarto de Milha de Corrida começou a se concretizar cinco anos depois, na ensolarada manhã de 6 de abril de 1991, com total apoio e oficialização da ABQM, realizando 18 páreos classificatórios para o GP Potro do Futuro, além do GP Inaugural, reservado para animais de três anos ou mais de idade hípica.


A solenidade reuniu inúmeras famílias que vieram de vários estados para prestigiar este grande momento que, também, acompanharam a execução do hino nacional e o hasteamento das bandeiras. A do Brasil, por Antônio Carlos Pannunzio (prefeito de Sorocaba); do Estado de São Paulo, por José Nelson Fakri (presidente da Quarto de Milha SA); Wellington Germano de Queiróz (presidente do JCS); e da cidade de Sorocaba, por Érico de Oliveira Braga (presidente da ABQM).


Já em 17 de junho do mesmo ano, foram realizados também inúmeros páreos, com destaque para o GP Criação Nacional que foi vencido por Miss Angel Failas (Angel Moon Tru x Tiena SKR, por Failas Ambasador), zaina de propriedade de Antônio de Pádua Vasconcelos e da criação de Érico Braga.


Na oportunidade, o evento contou com a presença de tradicionais carreiristas e amantes do turfe quartista, e que participaram de um grande leilão de coberturas, onde foram apresentados 77 garanhões, com a renda destinada para o fomento da nova entidade turfista.

  

Texto: Abdalla Jorge Abib

Fotos: Jaqueline Silva (starting gate e Diretoria do JCS) / Miguel Oliveira (Jonatas Dantas e Mônica Ribeiro) / Foto cedida por Alexandre/JCS (Monumento Centro Hípico do Oeste)

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