Entenda o processo de reprodução na temporada de monta

O garanhão, durante a estação de monta, não deve ser utilizado para a rufiação de éguas Seguem algumas recomendações para os proprietários e profissionais do cavalo Quarto de Milha para que tenhamos uma excelente temporada de monta.

O garanhão, durante a estação de monta, não deve ser utilizado para a rufiação de éguas

Seguem algumas recomendações para os proprietários e profissionais do cavalo Quarto de Milha para que tenhamos uma excelente temporada de monta.

Antes de começar a estação de monta, o garanhão deve ter seu sêmen coletado e avaliado por um médico veterinário, que, com poucos testes feitos em laboratório, pode prevenir muitos problemas com o seu reprodutor.

Por exemplo, garanhões com boa fertilidade em monta natural mas quando coletados, o sêmen perde a qualidade ao ser refrigerado ou transportado.

O sêmen para ser comercializado deve cumprir alguns passos no momento que é coletado.

Após boa higienização do pênis do animal e coleta, deve ser feita a avaliação deste ejaculado e diluí-lo com o extensor de sêmen, que é um meio cuja composição possui ingredientes que melhoram a qualidade dos espermatozóides.

Isso vai permitir que o sêmen esteja apto a ser transportado e suportar a refrigeração.

Hoje, existem vários extensores de sêmen com excelente qualidade no mercado. A indicação é testar a qualidade do sêmen de cada cavalo com determinado extensor para verificar qual destes meios ele se adapta melhor.

Um equipamento de boa qualidade como microscópio e placa aquecedora devem ser utilizados por um profissional capacitado para a verificação da porcentagem e motilidade progressiva do sêmen do garanhão após sua coleta, além da contagem deles.

São dados muito importantes para garantir a qualidade no envio de doses.

Para a comercialização do sêmen, é recomendado o envio de uma dose de 1 bilhão de espermatozóides viáveis por égua inseminada, dose com alta probabilidade de prenhez, desde que a égua esteja próxima da ovulação. Os materiais para manipulação e embalagem do sêmen, como seringas, sacos plásticos, etiquetas e extensores devem ser de excelente qualidade, assim como a caixa de transporte, optando pelo Equi-tainer ou isopores comerciais próprios para transporte de sêmen eqüino.

As diluições do sêmen eqüino para a inseminação artificial varia de 2:1 a 9:1 (extensor: sêmen). Essas diluições devem ser observadas pelo médico veterinário responsável pelo garanhão, respeitando a concentração de 25 a 50 milhões de espermatozóides por ml, com um volume total variando de 15 a 50 ml por dose, para que a qualidade do sêmen seja mantida mesmo quando refrigerado e transportado por 24 a 48 horas.

Outro ponto a ser entendido é que o garanhão utilizado comercialmente durante a estação de monta não deve ser utilizado para a rufiação de éguas.

Estudos mostraram que garanhões submetidos a rufiação apre­sentam em seu ejaculado um aumento do volume do fluido seminal em até 100%, com diminuição na concentração total, chegando a perder até 1 bilhão de espermatozóides por ejaculado, o que não é favorável.

Os garanhões devem possuir uma rotina de coletas de sêmen em dias pré-determinados pelo médico veterinário e proprietário, respeitando o número de coletas por dia e sempre dar um dia de descanso para o animal. Este calendário deve ser informado a todos profissionais e proprietários que possuem cotas ou compraram coberturas deste animal, favorecendo assim a programação do manejo reprodutivo das reprodutoras que serão cobertas por ele.

As recomendações para os proprietários das reprodutoras antes da estação de monta são que elas sejam examinadas por um médico veterinário que faça uma avaliação e programação de coberturas para suas éguas mais férteis, que são as maiores candidatas à inseminação artificial com sêmen refrigerado.

É fundamental que essas reprodutoras estejam com boas condições corporais, com uma alimentação de qualidade, nutrindo-se à base de concentrado, pasto próprio para alimentação de eqüinos, água e sal mineral.

As éguas mais velhas podem ser enviadas para o garanhão e cobertas com sêmen a fresco, aumentando a taxa de prenhez. Pois éguas com idade superior a 16 anos são menos férteis que as mais jovens.

Os proprietários devem ter conhecimento que, para aumentar a eficiência reprodutiva, é necessário um maior manejo na propriedade e gastos com medicamentos e assistência especializada.

As reprodu­toras devem ser acompanhadas regularmente com a rufiação ou palpação retal com auxílio do ultra-som, quando utilizar sêmen refrigerado e transportado, para determinar o momento da inseminação horas antes da ovulação da égua.

Uma dica importante, principalmente para os animais de Corrida, é o fornecimento de luz artificial para as reprodutoras doadoras de embrião ou vazias, pois ao estimular as éguas com 14 a 16 horas de luz/dia, contando a luz solar, estimula um ciclo repro­dutivo mais cedo, podendo cobri-la em agosto.

Estamos em meses de tempo de luminosidade menor, onde as éguas começam a entrar no anestro, período de inatividade ovariana, e voltam a ciclar em setembro ou outubro.

As doses de sêmen recebidas na propriedade devem ser analisadas antes da inseminação para determinar a qualidade do sêmen que vai ser utilizado. Essa dose deve ser pedida com antecedência no local que se encontra o garanhão.

O momento de maior índice de prenhez na inseminação artificial é de 12 horas até seis horas antes da ovulação. Lembrem-se de que não adianta uma boa dose de sêmen, uma boa técnica de inseminação, se a égua não estiver próxima à ovulação .

Quando se trata de éguas mais velhas e subférteis, o tempo de inseminação e ovulação é o período mais crítico, devemos trabalhar para que uma única inseminação poucas horas antes da ovulação seja feita. Isso vale também para sêmen com baixa qualidade em éguas férteis.

O uso da inseminação artificial na espécie eqüina com sêmen refrigerado e transportado tem se tornado uma técnica mais popular, facilitando o manejo da criação, diminuindo doenças transmissíveis, diminuindo riscos de acidentes com viagem e a monta, aumentando a qualidade genética da criação nacional e diminuindo os custos da reprodução consideravelmente.

Procure sempre um médico veterinário para acompanhar seus animais em sua propriedade ou envie-os para uma central de reprodução, para que o melhor trabalho seja feito e que possa atingir seus objetivos com os seus animais.

Boa temporada de monta!

 * Bruno F. Bonin é médico veterinário, residente no Guilherme Gregolin Services Center. Informações pelo fone: (15) 9717.4235

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