08/02/2018 • 00h00

Lucinei Nunes Nogueira – o “Testa”: Um eterno campeão

Homenageados de 2018


Testa com Nagô SKR

 

Com certeza, a trajetória desse homenageado do 8º Hall da Fama da ABQM é inesquecível para os quartistas. Lucinei Nunes Nogueira - “Testa”, o homem do Laço de Bezerro, o campeão é sinônimo de autenticidade e honra para o esporte do cavalo Quarto de Milha. Muitos o veem como um exemplo de profissionalismo e garra. Vamos a sua história:

Depois de muito trabalhar, se dedicando de sol a sol, seu nome começou a aparecer na mídia como alguém que realmente se destacava em habilidade no Laço e número crescente de vitórias. Tranquilo, porém determinado, Testa se transformava em um gigante quando entrava em pista. Parece que conseguia obter sempre o melhor de cada animal, utilizando seu jeito próprio de montar.

 


Lucinei Nunes Nogueira com Panasco SKR

 

Depois de sua oitava vitória como campeão Nacional de Laço, de 1979 a 1987, e dono do melhor tempo na época: 7s67, além de conquistar nesse período mais quatro títulos do Potro do Futuro, concedeu uma entrevista à Revista Quarto de Milha, expondo sua maneira de pensar e seu método de trabalho. “Acredito que para ser bem sucedido, o treino é fundamental”, dizia ele. Isso foi em 1988 e nunca perdeu sua essência de humildade, falando sempre com o coração. Aliás, isto nos faz lembrar o grande legado que ele nos deixou, um verdadeiro presente que perpetua o reconhecimento e o talento; seu filho, Juninho Testa, o Lucinei Nunes Nogueira Júnior, que hoje tem brilhado sua estrela nos Estados Unidos, com o título do All-Around, como o Cowboy Completo, e por duas vezes vice campeão mundial, que se manifesta de maneira tão similar ao dar entrevistas.

 


Lucinei Nunes Nogueira com  o filho, Júnior Nogueira

 

E foi num campeonato regional em Presidente Prudente, lá pelos anos 80, que Testa conheceu sua companheira de vida, sua esposa Eliziane. Ela, que se tornou uma laçadora de primeira, relembra como foi esse encontro: “Existia naquela época um campeão de Laço conhecido como ‘Testa’. Quando queriam se referir a uma boa laçada, logo falavam dele, o recordista. E eu pensava que teria de ver esse homem laçar, porque precisava aprender algo. Tinha que procurar alguém que realmente soubesse para me ensinar. Foi assim que o vi pela primeira vez. Ele ganhou a prova e certifiquei-me do quanto ele era realmente bom e só conseguia pensar que precisava pedir a ele que me ensinasse. Ele também me viu laçando, quer dizer, correndo atrás, mas, mesmo assim, se interessou por mim. Eu tinha 14 para 15 anos e ele me convidou para ir ao Rancho Quarto de Milha para montar com o pessoal. Depois da tarefa nada fácil de convencer meu pai, lá fui eu ver o Testa treinar. Ele tinha um cavalo muito bom, o Panasco SKR, da King Ranch. Esse cavalo foi o primeiro puro de origem no Laço. Logo no primeiro dia, ele me deixou montar no Panasco. Foi muita emoção. Treino vai, treino vem, começamos a namorar e depois de cinco anos nos casamos. E veio o Juninho, Lucinei Nunes Nogueira Júnior. Nossa! Esse menino era a paixão da vida dele. Deus sabe todas as coisas, porque ele partiu cedo, mas ficou o nome no filho. Excelente pai, esposo, companheiro. Um profissional maravilhoso, com dedicação e responsabilidade tremendas. Eu aprendi muito com ele”.

Foi em 12 de junho de 1996 que Testa, aos 36 anos, prestes a entrar em pista para mais uma competição, teve um infarto fulminante e despediu-se das arenas.

Hoje, o Testa estaria com seus 58 anos de idade, e atrevo-me a pensar o que não estaria ele fazendo nas arenas do QM com tanta experiência redobrada. Ele nasceu em Presidente Prudente (SP), e desde garoto trabalhou em fazenda. Seu primeiro contato com a raça Quarto de Milha aconteceu em 1975, na Fazenda São Geraldo, de propriedade de Geraldo Ribeiro de Souza. Um grande incentivador, como ele afirmava. Testa lidava com gado e começou a treinar Laço para trabalho. Passou três anos fazendo provas pela região e sua primeira vitória ocorreu no Rancho Quarto de Milha, com um animal de propriedade de Geraldo Ribeiro, chamado Cajú. Logo depois, preparou e montou o Barqueiro da GR, também do mesmo criador. A partir daí, ninguém mais o segurava. Ele treinava muito e disputava inúmeras provas, passando a ficar conhecido. Os convites começaram a surgir e o primeiro foi feito por Wilson Vitório Dosso, com quem manteve parceria por um bom tempo, período em que montou outro craque da época: Nagô SKR. Não demorou muito para que Testa se tornasse um requisitado cavaleiro profissional, no estilo dos norte-americanos que fazem da atividade uma carreira. Além do Haras GR, adicionou à sua lista de clientes o criador Henrique Prata.

 


Eliziane, Testa, Miguel  Oliveira e Juninho no curso do Mike Beers

 

Vivendo do cavalo e para o cavalo, ele costumava deixar muito claro a importância da raça em sua vida. “O cavalo Quarto de Milha, as pessoas da Associação, criadores e proprietários me ajudaram muito. Hoje tenho uma situação financeira estabilizada”, afirmava ele com profunda gratidão e alegria. E ele foi fundo, mergulhou de cabeça, trabalhando com adestramento e treinamento de cavalos numa chácara arrendada, próxima de Presidente Prudente, onde possuía oito animais, sendo três PO. O primeiro cavalo adquirido foi o Inglês da GR e depois Boy Belter KRB. Ministrava cursos de adestramento e treinamento de Laço no Nordeste e em várias cidades do interior paulista. Como campeão, suas dicas eram sempre muito bem-vindas e bastante aguardadas. Ele dizia: “Deve-se usar sempre a cabeça e para tocar num animal é preciso saber a hora e o porquê. É necessário ter paciência e a relação cavaleiro-cavalo é importante. Sem esquecer os treinos, o preparo físico e psicológico e o acomodamento do cavalo, que  é fundamental para se fazer uma boa prova”. Assim era ele, profissional coerente que não negava transmitir o que sabia aos jovens e crianças que o cercavam em todos os eventos.

Lucinei Nunes Nogueira recebeu mais de 500 troféus e conquistou marcas como a de melhor tempo em Laço de Bezerro (7s67). A cada troféu levantado, dizia: “Ser campeão traz uma emoção muito grande, pois acredito que seja o reconhecimento máximo do cavaleiro”. E é um pouco desse grande reconhecimento que a homenagem prestada a ele, como integrante do Hall da Fama da ABQM 2018 acontece. A raça Quarto de Milha deve muito a pessoas como Testa, e nada mais justo que demonstrar isso.

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