O que é necessário saber sobre as condições reprodutivas dos animais

O QUE É NECESSÁRIO SABER SOBRE AS CONDIÇÕES REPRODUTIVAS DOS ANIMAIS Estamos chegando na estação de monta, agora está mais do que na hora de avaliarmos os animais que irão entrar no programa. Nessa matéria, daremos uma visão resumida do que o proprietário precisa saber para acompanhar o seu veterinário na hora do exame e ficar por dentro das condições reprodutivas dos seus animais

O QUE É NECESSÁRIO SABER SOBRE AS CONDIÇÕES REPRODUTIVAS DOS ANIMAIS
Estamos chegando na estação de monta, agora está mais do que na hora de avaliarmos os animais que irão entrar no programa.
Nessa matéria, daremos uma visão resumida do que o proprietário precisa saber para acompanhar o seu veterinário na hora do exame e ficar por dentro das condições reprodutivas dos seus animais

EXAME ANDROLÓGICO
Em várias ocasiões, veterinários são requisitados para avaliação de machos que serão utilizados em programas de reprodução. O clínico deve estar preparado para fazer o exame adequadamente, observando todas as estruturas do trato genital masculino, não se esquecendo que, além de um sêmen de boa qualidade, o animal deve estar apto a procurar a fêmea, montar e copular.

Considera-se que antes de qualquer especulação sobre a possibilidade de um macho ser utilizado como reprodutor, deve-se ter certeza que o animal está livre de doenças como a leucose, brucelose, tuberculose, leptospirose, campilobacteriose e tricomonose. Pode parecer óbvio este tipo de comentário, mas têm-se observado com certa freqüência a negligência com a saúde dos animais como um todo.

A introdução de reprodutores contaminados no rebanho certamente resultará em prejuízos para o criador.

O exame andrológico nos mostra as atuais condições reprodutivas de um macho. O potencial reprodutivo do animal deve ser verificado sempre quando este for iniciar uma estação de monta, quando o animal apresentar sinais de sub ou infertilidade, ocorrência da puberdade, destinado a criopreservação de sêmen, etc.

A avaliação destina-se a observação das condições semiológicas, bem como as condições de sanidade, alterações genéticas, saúde geral, deficiências no momento da cópula e problemas esper­máticos.

O laudo de um exame andrológico nunca é definitivo, sempre deve-se levar em consideração que o animal logo após o exame poderá sofrer de alguma patologia que o leve a depreciações em sua qualidade espermática, por isso o laudo deve ser emitido com uma validade máxima de 60 dias.

Devemos sempre ter uma ficha para anotações em mãos e iniciar o exame pela identificação completa do animal (nome, registro, raça) e identificação do proprietário. Terminada as identificações, segue-se a avaliação do animal.

 

HISTÓRICO DO ANIMAL
O animal fica estabulado ou solto a campo?, quanto tempo ele está sem cobrir éguas? Doenças anteriores, medicamentos aplicados, já possui crias? Como elas são? Como é feita a cobertura? Há libido? Há a exterio­rização do pênis? O animal salta? Todas informações são importantes para começarmos um exame andrológico, inclusive aquelas não relacionadas diretamente com o sistema genital masculino e que podem nos ajudar bastante, caso seja constatado algum problema futuramente.

 

AVALIAÇÃO FÍSICA
É muito importante também, para nosso exame andrológico, fazermos um exame clínico geral do animal, verificando os parâmetros respiratório e cardíaco, examinamos o aparelho digestivo, aprumos, lesões musculares, e aparelho locomotor do animal.

A capacidade de o animal cobrir também deve ser avaliada. Lesões locomotoras usualmente perturbam a performance repro­dutiva dos machos, principalmente quando localizadas nos membros posteriores.

Animais com parasitas ou carências minerais, por exemplo, têm sua capacidade reprodutiva comprometida.

O animal deve, ainda, ser desprovido de defeitos genéticos como, por exemplo, o prognatismo.

 

EXAME CLÍNICO DO APARELHO REPRODUTIVO


 

 Devemos ter especial atenção e cuidado com essa parte do exame, pois se encontrado algum problema, pode determinar o prognóstico reprodutivo do garanhão.

Prepúcio: sem nenhuma alteração, presença de edema, lesões, crostas e etc.

Pênis: sem nenhuma alteração, escaras, edema, hematoma, forma e etc.

Glândulas anexas: Através da palpação retal, podem ser avaliadas as glândulas acessórias do SGM (vesículas seminais, ampolas do ducto deferente, próstata, glândulas bulbou­retrais) quanto a sua consistência, mobilidade, temperatura, tamanho, forma e sensibilidade. Normalmente realizado se ficar constatado quadro de piospermia (presença de pus no sêmen) ou hemos­permia (presença de sangue no sêmen).

Testículos e Bolsa escrotal: Observa-se bem o escroto, se não há feridas, ber­nes, edema, varicocele (dilatações vascu­lares), então palpa-se os testículos que no eqüino têm a forma ovóide e posicio­namento horizontal em relação ao animal.

Devem ter mobilidade dentro da bolsa, ausência de dor a palpação, simetria, consistência fibroelástica.

Devem ser feitas mensu­rações individuais de cada testículo, que demonstram com maior exatidão a verdadeira massa testicular, devendo ser realizadas com o auxílio de um paquímetro. Comprimento 5 a 12 cm (pólo proximal até o pólo distal do testículo), largura 4 a 8 cm (medida latero medial, na porção média do testículo), altura 4 a 8 cm (medida ínfero superior, na porção média do testículo).

 

EXAMINANDO OS TESTÍCULO DOS GARANHÕES
Epidídimos: Devem ser palpados verificando sua presença, sensibilidade, forma e localização (cabeça acoplada ao pólo cranial, corpo localizado na face medial dos testículos e cauda geralmente bem definida na região caudal dos testículos, apresentando consistência fibroelástica de tamanho variando de 1x1 a 3x3, conforme idade do animal e freqüência de ejaculados).


 

COLETA DE SÊMEN
Se o animal for aprovado no exame anterior, a próxima etapa é a avaliação do sêmen. A colheita do sêmen é efetuada por auxílio de vagina artificial, onde o animal deve ter um condicionamento prévio para que este monte em uma égua em cio ou em manequim.

Colheita com vagina artificial: a vagina artificial é composta de um tubo rígido, uma mucosa de látex e um copo coletor protegido de luz e alterações de temperatura. O animal condicionado, saltando sobre o manequim, deve ter o pênis desviado e introduzido na vagina artificial. A constatação da ejaculação pode ser verificada com as seguintes características: Movimento da cauda para cima e para baixo/ contração dos músculos perianais/ sapatear/ fluxo pulsátil uretral da ejaculação.

ANÁLISE DO SÊMEN
Exames imediatos: Logo após a colheita, o sêmen deve ser analisado segundo suas características macro e microscópicas.

1 - Volume = Podendo variar de 20 a 100ml

2 - Cor =desde branco acinzentado até um branco leitoso.

3 - Densidade = Varia do tipo aquoso até leitoso ? diretamente relacionado com a concentração espermática

4 - Odor = Suis-genesis

5 - Motilidade espermática = Se faz uma pequena gota de sêmen e realiza-se a visualização em microscópio. A motilidade espermática é analisada segundo uma escala de porcentagem variando de 0 a 100% (porcentagem de células móveis). Motilidade ideal ³ 70%

6 - Vigor espermático = Concomitantemente com a motilidade espermática se avalia o vigor espermático na escala de 0 a 5 (velocidade com que o espermatozóide se desloca, quanto maior a velocidade maior o valor). Vigor ideal ³ 3.

São realizados no momento da colheita, entretanto podem ser analisados posteriormente.

Concentração espermática:

1 - Patologia espermática = Coloca-se uma gota de sêmen em uma lâmina que deverá ser observada no microscópio, classificando os espermatozóides conforme suas patologias, obtendo no final as porcentagens de espermatozóides normais e de cada patologia.

As patologias espermáticas são divididas em Defeitos Maiores, relacionados com a infertilidade e Defeitos Menores não interferem diretamente sobre a fertilidade. Alguns exemplos de defeitos maiores são: cabeça subdesenvolvida, piriforme, cauda dobrada com gota, enrolada na cabeça e outros. Defeitos menores: cabeça gigante, cauda enrolada ou dobrada e outros.

Exames Complementares

Exames sorológicos podem detectar infecções relacionadas com o SGM, tal como a brucelose. Pode ainda ser empregada a ultra-sonografia para exame das glândulas anexas e a biópsia testicular, para se avaliar alterações como degeneração, fibrose e calcificação.

Exame do aparelho reprodutor da égua

O correto exame clínico de éguas que serão introduzidas em programas de reprodução, ou mesmo daquelas que estão com problemas de fertilidade, deve ser dividido em três partes: histórico do animal; avaliação clínica e exames complementares.

Histórico do animal

As informações sobre a saúde e performance reprodutiva do animal são essenciais para um perfeito diagnóstico, prognóstico e seleção de uma terapia hormonal adequada, quando necessária.

Fatores que interferem com o potencial reprodutivo:

Idade: A idade é um fator crítico que provoca grande impacto na habilidade reprodutiva de uma égua. Éguas jovens, entre 2-3 anos apresentam maior probabilidade de ter ciclos anormais, já as velhas apresentam uma dificuldade maior em emprenhar e levar uma gestação até o final.

Manejo: Devemos averiguar as instalações onde ficam os animais, implantação de tratamentos para indução de cio, seja com luz ou hormônios. A alimentação é um fator determinante na fertilidade de um animal, portanto, se houver um erro nesse ponto, ele deve ser corrigido imediatamente.

Uso de medicamentos para melhorar a performance atlética: Essa é uma prática muito comum mais que deve ser utilizada com muita cautela, pois provoca efeitos muito negativos na fertilidade de um animal.

Histórico reprodutivo: Primeiramente devemos descobrir a situação atual da égua: A égua já foi coberta alguma vez? Ela está gestante ou vazia? Se a égua já gestou, como foi a gestação? Tem história de abortos? Partos distocicos? Morte embrionária? Já teve retenção de placenta? Metrite? Foi submetida a alguma cirurgia?

Avaliação Física

Esgotadas todas as perguntas sobre o animal, devemos passar para um exame minucioso, coletando todos os dados necessários para um prognóstico da perfor­mance reprodutiva daquela égua.

Primeiramente, devemos examinar as condições gerais do animal, dando especial atenção a indícios de parasi­tismo, a presença de melanomas ou outros tumores e a anormalidades na glândula mamária. Segue se então as avaliações específicas:

Exame Odontológico: Uma consideração que deve sempre ser lembrada é a grande probabilidade que os eqüinos de todas as idades apresentam em adquirir aberrações dentais. Essas aberrações levam a uma inabilidade de mastigar os alimentos, provocando uma nutrição inadequada que refletira imediatamente na diminuição da fertilidade do animal. Portanto devem ser feitos exames odontológicos constantes nos animam que estão em programa de reprodução.


 

EXAME DO PERÍNEO E GENITÁLIA EXTERNA
A área que envolve a vulva e o anus pode apresentar alterações tão significantes que o animal fica predisposto a uma pneumovagina (presença de ar na vagina) ou a uma urovagina (presença de urina na vagina), o que certamente levará a alterações na fertilidade. Devemos avaliar a conformação da vulva, a inserção da vulva; se os lábios vulvares promovem um fechamento adequado da entrada da vagina; se existe a presença de secreções, ou se existe evidências de vulvoplastia já realizada.

Para finalizar, o ideal é avaliar o comportamento e temperamento da égua. Éguas que apresentam atitudes anormais, com sinais de alteração de docilidade e manifestação de violência e inquietude, podem estar mas­cu­linizadas, como conseqüência do uso de anabolizantes ou presença de tumores ovarianos. Esse animal estará seriamente comprometido quanto à fertilidade enquanto as causas da mascu­linização permanecerem.


 

PALPAÇÃO RETAL 
A palpação retal é um procedimento de alta valia para avaliação do sistema reprodutor da égua. Deve ser feito por uma pessoa experiente com uma luva bem lubrificada e com o animal adequadamente contido. Por esse exame podemos avaliar a cérvix, o útero e os ovários.

Cérvix: A cérvix deve ser avaliada, pois ela reflete a presença de progesterona (hor­mônio responsável pela manutenção da gestação). Se a cérvix estiver longa, firme e tubular significa que os níveis de proges­terona estão altos e a égua esta gestante. Se os níveis de progesterona estiverem baixos, o que ocorre no estro (cio) e no anestro, a cérvix estará macia e pequena.

Útero: Primeiramente devemos nos certificar se existe gestação. Se não, devemos avaliar o tônus uterino. Durante o anestro ele estará flácido, fino e pode ser difícil de palpá-lo. No estro ele estará macio e com pouco tônus, diferentemente do diestro, onde o útero estará com o tônus bem aumentado e de forma tubular. Devemos ainda analisar se existe a presença de conteúdo líquido, o que pode indicar alguma patologia (desde que descartada gestação), atrofias ou cistos endometriais (dificilmente palpáveis).

Ovários: Devemos avaliar o tamanho, a consistência e a presença de estruturas (folículo ou corpo lúteo). Se folículos estiverem presentes, os ovários estarão aumentados. Se possível devemos avaliar o tamanho e consistência desses folículos para, então estimar a data da ovulação.

ULTRA-SONOGRAFIA
Esse é o exame mais importante para avaliação do sistema reprodutor de uma égua, pois nos possibilita enxergar o que não podemos sentir e deve ser utilizado sempre que disponível. Com ele também podemos avaliar o útero e os ovários, porém com muito mais detalhe.

Útero: Podemos determinar exatamente o estágio do ciclo estral, a presença de patologias ou de gestação.

Ovários: Na ultra-sonografia dos ovários podemos determinar quase que exatamente a data da ovulação. Essa é uma vantagem muito grande, que vem facilitando e barateando o emprego de sêmen resfriado e congelado nos programas de reprodução eqüina, pois com a inseminação no momento certo, diminui-se os gastos com doses extras de sêmen.


 

EXAMES COMPLEMENTARES
A citologia e a cultura uterinadeve ser realizada sempre que desejamos introduzir um animal na rotina da reprodução ou quando ocor­re a presença de sub ou infertilidade em uma égua. Para coleta de amostras é necessária a utilização de materiais apropriados e confiáveis para minimizar o risco de erros. Começamos com o exame vaginoscópio com o auxílio de uma espéculo vaginal, que permite uma visualização da cérvix e vagina da égua.

Observa-se a cérvix, que durante o estro deve ter coloração rósea e estará relaxada e edema­tosa. Devemos procurar indícios de pneumo­vagina, pela presença de debris ou espuma na vagina e de urovagina, pela presença de urina. Observa-se também se existe vaginite, adesões, lacerações, hímen persistente, exudato e veias varicosas. Terminada a inspeção, deve ser feita a coleta propriamente dita.

A melhor época do ano para proceder tais exames é durante o estro, quando a cérvix está relaxada e a introdução do material para coleta é facilitada, além disso, deve ser feita nessa época pois teremos uma visão fiel do ambiente uterino no momento em que a égua está pronta para reprodução. Muitas éguas subfér­teis apresentam tanto citologia, quanto cultura positiva.

O último exame laboratorial indicado é a biópsia uterina. Por ser um exame mais custoso e invasivo, costuma-se indicar apenas quando for necessário complementar os dados encontrados na citologia e cultura ou quando esses forem inconclusivos.

É importante ressaltar que a avaliação de um animal deve sempre ser feita por um veterinário. Os procedimentos acima descritos exigem experiência e conhecimento sobre o assunto e, quando realizados por uma pessoa inex­periente, podem ter conseqüências muito graves, não só quanto à performance repro­dutiva, mas também a vida do animal.

Hélio Itapema e Rodrigo Rossi, médicos veterinários da Clínica de Eqüinos Itapema e Rossi, credenciados pela Federação Paulista de Hipismo.

Outras informações: (11) 99528.1710

 

 

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