01/06/2020 • 00h00

Patologias do trato urinário em equinos

Uma breve revisão geral do sistema urinário equino, antes de discutir sobre suas patologias

O trato urinário equino é constituído pelos órgãos uropoéticos, ou seja, os responsáveis em elaborar a urina e armazená-la, temporariamente, até ser expelida para fora do corpo do animal.

 

Este sistema pode ser divido em órgãos secretores, que produzem a urina e órgãos excretores que são responsáveis em drenar a urina para o meio externo. Os órgãos urinários compreendem em um par de rins, que produzem a urina a partir da filtragem do sangue, os ureteres, que conduzem a urina dos rins para a vesícula urinaria (bexiga), onde a urina fica  armazenada até que possa ser convenientemente liberada, e por fim à uretra, através da qual a urina é expelida do corpo. Os equinos têm a peculiaridade anatômica nos formatos dos rins, sendo o direito em formato de coração e o esquerdo em forma de embrião.

 

As patologias do sistema urinário em equinos são relativamente raras, quando se comparadas com afecções de outros sistemas, como problemas locomotores, gastrointestinais e pulmonares, por exemplo, mas quando ocorrem tem uma relevância importante e devem ser tratadas sempre como emergências médicas. Saber identificar uma afecção ou insuficiência renal em tempo hábil é de suma importância e está intimamente relacionada ao sucesso do tratamento.

 

Essas patologias podem tanto ser a causa primária do problema do animal, quanto ser secundária às outras patologias que o afetem, e podem sim levar o animal a óbito, tanto de forma aguda e fulminante, como em processos lentos, evolutivos e gradativos, dependendo da causa e origem do problema urinário.

 

SINAIS E SINTOMAS

Muito semelhante como ocorre em seres humanos, os sinais e sintomas dessas afecções incluem alterações significativas na
urina, como fluxo anormal, dificuldades acompanhadas ou não de dor na micção, odor forte, urina com coloração escurecida/
avermelhada/sangue vivo (hematúria) consistência e viscosidade alterados. Mas podem variar de acordo com cada indivíduo.

 

Além de alterações na própria urina, comumente apresentam muita sede, dores lombares focais, letargia, animais visivelmente
deprimidos, alterações de pele, pelos opacos e quebradiços, gengivite pelo acúmulo de tártaro nos dentes, assim como, formação de edemas por falha na filtragem e eliminação de fluídos. E em casos obstrutivos mais graves, como por exemplo, os animais que apresentem urólitos (pedras), tanto nos rins, vesícula urinária, ureteres e uretra, podem apresentar dor severa, compatíveis com quadro de síndrome de cólica, por vezes dores incontroláveis, e dependendo do local e intensidade da obstrução, pode levar à ruptura de vesícula urinária e/ou outros órgãos, evoluindo para hemorragias, infecções generalizadas, até à morte.

 

Em quadros sistêmicos, secundários e crônicos, podemos observar emagrecimento progressivo, perca de apetite até quadros de intoxicação por não eliminação de tóxicas circulantes na corrente sanguínea, sinais clínicos de uremia, fraqueza, tremores musculares e a rápida degradação do estado geral do animal.

 

Os casos de nefrose, que é o processo inflamatório e degenerativo que pode acometer os rins dos cavalos a níveis de túbulos de filtração e se caracteriza pela necrose tubular aguda, na sua grande maioria é resultado de processos toxêmicos pré-existente no animal. Algumas intoxicações como as causadas por ingestão acidental ou criminosa de mercúrio, arsênico, cobre, tetracloreto de carbono, nitrato de sódio, fenotiazina, sulfas em altas doses, tetracloroetileno, inseticidas e longos tratamentos com fenilbutazona ou sua sobredose podem desencadear lesões renais irreversíveis.
A respiração é profunda e o ritmo respiratório aumentado e, algumas vezes, pode-se sentir um odor amoniacal ou de urina
na respiração, nas fases finais da doença.

 

Existem as causas endógenas que também são consideradas nefrotóxicas, como a hemoglobina liberada nas enfermidades
hemolíticas, a mioglobina nos processos de miopatias, excessiva destruição de proteínas no organismo e toxinas que são absorvidas durante as doenças intestinais, que produzem diminuição no trânsito dos alimentos e comprometimento tecidual intestinal. Eventualmente, as toxinas bacterianas também podem causar lesões renais durante as manifestações de enfermidades infecciosas agudas, principalmente em potros.

 

Insuficiência renal aguda é um comum sintoma em cavalos que foram picados por cobras, principalmente do gênero botrópico.

 

*Como esses sintomas são frequentemente atribuídos a uma variedade de outras doenças e podem variar de acordo com
cada indivíduo, cabe única e exclusivamente ao médico veterinário capacitado para tal, examinar, interpretar e fazer os diagnósticos diferenciais, fechar o diagnóstico preciso e definitivo e instituir o correto tratamento. O íntimo relacionamento do
veterinário com os proprietários, tratadores e treinadores, que sempre tem as informações do dia a dia do animal, reparam
nos pequenos detalhes e sinais que os animais apresentam, é de vital importância, em qualquer que seja a afecção.

 

Por: Sérgio Henrique Portilho / Fotos: cedidas

 

Leia essa matéria na íntegra na edição 242 da Revista Quarto de Milha: https://revista.abqm.com.br/

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