O 45º Potro do Futuro, realizado de 9 a 20 de outubro, no Parque de Exposições Clibas de Almeida Prado, em Araçatuba (SP), recebeu em visita técnica o dr. Carlos Eduardo Wayne Nogueira, referente a um projeto/convênio com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), que tem como foco principal as boas-práticas e bem-estar animal na equideocultura, envolvendo a criação, treinamento e prática esportiva.
 

Apresentando em seu respeitável currículo, ele é professor e titular de Medicina de Equinos da Universidade Federal de Pelotas/RS (UFPel), diretor da Associação Brasileira de veterinários de Equídeos (ABRAVEQ), membro da Comissão de Sanidade da Federação Ibero Americana de Veterinários de Equídeos (FIAVE) e consultor técnico da Câmara Setorial de Equideocultura do Ministério da Agricultura e Pecuária (CSE/MAPA).

Sempre acompanhado e assessorado em sua visita ao evento pelos drs. Daniel Fechio e Cesar Vilela, respectivamente, superintende e consultor técnico da ABQM, o dr. Carlos deu seu parecer inicial sobre sua estada em Araçatuba. “Estamos fazendo revisões e visitas técnicas nas raças com maiores plantéis do Brasil que, por ordem são, o Quarto de Milha, Crioulo e o Mangalarga Marchador, através de um projeto financiado pelo MAPA. A proposta deste trabalho é fazer uma revisão dos padrões dos principais eventos destas três raças, além de áreas de criação, fazendas ou haras e centros de treinamento”, explicou o dr. Carlos Eduardo.

Segundo ele, este trabalho é para se manter um padrão de atuação dos envolvidos com o segmento. “Isso é feito para que a gente tenha um referencial de que seria literalmente um padrão, nem do que está muito acima do necessário nem o que está abaixo do que seria aceitável, para que possamos auxiliar nas orientações de novos criadores e das próprias entidades, além das conversas, obvio, com os setores e com o Ministério”, destacou o consultor.

O dr. Carlos informou que isso começou com o cavalo Crioulo: “Eu tinha feito a primeira avaliação com a raça Crioulo, no evento Bocal de Ouro, que é a prova de animais inéditos, semelhante ao Potro do Futuro da ABQM. Agora estou aqui neste mesmo campeonato de vocês. E, no mês que vem, na prova de Marcha Picada, do Marchador”.

Elogios a estrutura física do recinto

“A primeira impressão é de um evento grandioso, com uma enormidade de cavalos com mais de três mil animais, sendo um dos eventos únicos que só o Quarto de Milha consegue fazer no Brasil. Também está localizado numa região muito boa, com uma estrutura física do parque bastante interessante com três pistas, onde pude analisar a qualidade dos pisos para que os animais possam exercitar, sendo um dos pontos que me despertou muita atenção”, detalhou o dr. Carlos.

Ele disse que a visita também foi importante pois manteve contatos com os técnicos responsáveis e que trabalham constantemente em suas manutenções. “Isso é um trabalho benéfico que vai em prol da melhor execução dos conjuntos nas suas modalidades para minimizar os riscos que possam ocorrer tanto ao cavalo como ao competidor. Sem dúvida um dado riquíssimo que a gente pretende agregar com mais detalhamento, porque temos pouco material técnico sobre esse tema, visto que ele vem avançando de forma importante”, pontuou.

Competições, alojamentos e equipes veterinárias de muito boa qualidade

Sobre as provas, ele também teceu elogios: “Verifiquei também a excelente condição na apresentação dos animais se apresentando com desenvoltura em suas respectivas modalidades, proporcionando assim muita qualidade às provas. Além da atividade nas pistas, verifiquei que o ambiente onde os animais estão alojados são extremamente adequados”.

Sobre as provas que utilizam gado, o dr. Carlos Eduardo ficou satisfeito como é realizado o manejo. “Ontem acabei visitando uma propriedade de onde é requisitado parte do gado que é utilizado em algumas modalidades e que, logicamente, retornará a sua origem. E foi muito importante conhecer a estrutura e o pessoal que possui este gado e como é realizado o seu treinamento. Inclusive, visando o futuro, de termos um referencial de como esta atividade se desenvolve, sendo fundamental para as modalidades que usam gado”, explicou o consultor.

Seu parecer foi bem positivo com a estrutura implantada pela ABQM em relação às equipes veterinárias no recinto. “Pude acompanhar os colegas veterinários que atuam aqui, para saber dos problemas que podem ocorrer e como são resolvidos. E posso afirmar que tive uma grata surpresa de observar pouquíssimos casos clínicos, tomando-se como base a enormidade de animais no parque”.

Acompanhando o Plantão 24 horas, comandado pelo dr. Reinaldo Campos, o consultor do MAPA verificou que foi ínfima as ocorrências, apenas alguns sintomas de cólicas, mas passageiros. “Isso ocorre obviamente pelo transporte do animal, além deles estarem num ambiente diferente, com a mudança de alimentação e em plena atividade física. E no que tange as lesões musculoesqueléticas, praticamente nenhuma”, detalhou o dr. Carlos.

Ele conversou também um bom tempo com o dr. Luís Maldonado tomando conhecimento sobre o controle de medicação e antidoping e, ainda, pode acompanhar esse processo que vem sendo desenvolvido e melhorado evento a evento pela ABQM.

O dr. Carlos, disse que antes de vir ao evento esteve presente no Haras Raphaela, em Porto Feliz (SP), conhecendo o método de trabalho como criatório. “Além disso, tivemos a oportunidade de visitar dois centros de treinamento e de criatórios aqui na região, para saber como é o funcionamento praticado com modalidades diferentes e entendendo o sistema que é executado, dentro de suas respectivas estruturas. Com certeza, isso nos proporcionou um balizador muito importante em informações e, também, de muito aprendizado, com troca de ideias e opiniões”.

Ele contou que na visita que fez ao Centro de Treinamento Juan Carlos Perez, ficou impressionado com o ambiente em harmonia: “Senti os cavalos felizes, soltos, enquanto não estavam treinando, e até o Juan comentou que a gente não viu nenhum relincho, demonstrando uma lógica de que os indivíduos estavam convivendo em harmonia. Esse é o ambiente que a gente quer!”.
 

Conclusão final

“Fiquei muito satisfeito e feliz com a ampla visão que tive nestes dias e aproveito para parabenizar a diretoria da ABQM pelo grande evento e toda a qualidade de sua equipe técnica que vem se dedicando em prol da coletividade, não apenas o envolvimento com o cavalo mas todo um conjunto maravilhoso. O que vi aqui é uma inclusão plena da família voltada ao esporte, que além de atender as pessoas com necessidades especiais, demonstra uma confraternização geral da família em torno do cavalo”, expressou o representante do MAPA.

Finalizando, ele disse que está ansioso em colocar todo esse trabalho no papel e poder ter esta troca de conhecimentos entre as entidades. “Creio que temos muito a avançar, visto que é um constante aprendizado e com adaptações de ações necessárias pelo que cada Associação tem em particular e, com certeza, poderão auxiliar neste crescimento como um todo”.

Por: Abdalla Jorge Abib

Fotos: Giacomo Góes e Maurício Messias