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Quartistas Homenageados
Conteúdo com Anos 2012 .
Marco Antonio Toledo de Souza
Reproduzir em linhas sobre o mestre da arte de ensinar, Marco Antonio Toledo de Souza, “o Marcão Toledo”, é voltar ao passado onde tudo começou. Com seu jeito simplório e em um linguajar interiorano, ele conta que essa paixão começou desde pequeno. “Aos 7 anos eu tive o primeiro contato com os cavalos, na Fazenda São Pedro, no município de Avaí (SP), onde eu e meus oito irmãos fomos todos criados na lida. Depois comecei a vida domando burros e tocando boiada no sertão junto com meu pai Francisco Toledo”. Segundo informou, teve seu primeiro contato com o Quarto de Milha, quando trabalhava na Sociedade Hípica de Garça (SP), em 1970. “Mas o contato mais forte com a raça foi quando eu era inseminador de vacada, na Fazenda do Willian Koury, uma das pessoas que trabalhou muito pelo QM naquela época. E conforme ia crescendo a molecada dele, o Paulo, o Willinha e o Rodrigo, eu comecei a treinar os cavalos para eles”.
Até então, Marco Antonio não competia, somente preparando animais e sua arte começou a despontar com o cavalo de tambor Old Hondo, onde mais tarde o Paulo Koury, hoje campeão da modalidade de Rédeas, ganharia vários títulos com ele. Muitos dos treinadores famosos atualmente começaram a carreira com Marcos Toledo, inclusive Franco Bertolani – hoje morador na Itália -, a quem o treinador considera um cavaleiro completo: “Ele venceu muitas provas de Velocidade com o Bonito, cavalo “Superior em Trabalho”, que viveu 33 anos.
Mas para definir o que foi e é Marcão Toledo, pedimos ao dr. Marcio Tolentino, titular do Haras ST, onde exerce seus trabalhos de treinador até hoje para resumir a importância dessa especial pessoa. “As palavras professor e profeta têm a raiz no latim. Ambas servem para definir o Marcão. Professor de cavalo e de gente, ele nasceu para alfabetizar os cavalos. Como nos seres humanos, ensinar a ler, escrever e falar as primeiras palavras é essencial qualquer que seja o destino profissional do aluno. Com os cavalos é a mesma coisa. Durante cerca de dois meses os animais aprendem em um carrossel a entender o comando de voz: ‘passo...trote...galope... ôôô’. Fazendo círculos, sem sela no início e depois selado, mas sem montar. Só carrossel, todo dia. Durante os outros quatro a seis meses que se seguem vem a doma montada. No início ainda no carrossel e depois na pista. Os círculos de um lado e de outro têm que ser perfeitos. Esta é a cartilha do professor Marcão. Depois disso o cavalo vai para o seu destino: Rédeas, Apartação, Laço, Baliza, Tambor ou até Hipismo Clássico: está alfabetizado. Ele começou na Hípica de Garça, com o William Koury, que incluía, sim, a doma de cavalos para Hipismo Clássico. Sempre exercendo atividade autônoma além dos cavalos do William, o Marcão fez grandes campeões de Tambor na década de 80: Otoe’s Capri Bar, Breezing Chick, Old Ondo, King Size e as Cromitas, quando trabalhou com o Francisco Bertolani. Já nessa época (meados dos anos 80) dividia com o Ditinho - outro popular treinador do Haras 4 Irmãos, a doma de alguns cavalos do Haras ST: montou a Doriana ST, primeira filha do Shady nascida em 81 e ainda viva. Depois passou a domar as filhas do Shady com a Trouble Creek (ST Creekita, ST Analeo) e netas como a ST Sukita. Atualmente, doma as bisnetas. O Marcão sempre foi autônomo: teve e tem seu ‘cantinho’ onde trabalha com cavalos de ‘fora’, apesar de hoje dedicar-se prioritariamente ao criatório ST onde prepara de 4 a 6 potros por ano. Além de professor de cavalos o Marcão é professor de crianças. Formou gerações de domadores e competidores com competência invejável. Formou seus próprios filhos: Sérginho, Silvia, Marquinho e Sandra. Todos competidores, treinadores e professores de escolinhas do Quarto de Milha. Ensinou também dois grandes campeões de Rédeas: o Paulo Koury e o Franco Bertolani entre tantos outros de provas de Velocidade.
Sem dúvida, um ‘profeta de campeões’. Após 3 ou 4 meses mexendo com o potro, o Marcão fala: “pode apostar neste que é ótimo”. Acreditem, porque não erra..., verdadeira profecia. Dr. Marcio Tolentino testemunhou isso o nos últimos anos: “Dos potros que coloco pra doma, sempre tenho maior apego a um ou dois. Falo pro Marcão da minha escolha dizendo que este ou aquele é melhor”. Ele repetidas vezes fala de sua maneira bem interiorana: “o senhor vai ‘mordê’ a língua, porque minha escolha é outra. Ele sempre acerta”, concluiu o criador.
Relembrando alguns craques das pistas, entre competidores e animais, que se tornaram campeões em provas de Tambor, Baliza e Rédeas, o mestre “Marcão” destacou os seguintes pupilos: os irmãos Koury (Paulo, Willian e Rodrigo); Franco Bertolani; Carlos Polidoro; Edgar Alves; Ricardo Fanton; Vagner Simionato; as irmãs Ana Paula e Ana Cristina Zillo; os irmãos Eduardo e Ana Luiza Tolentino; e seus próprios filhos, Marquinho e Sérgio Toledo. Já em relação aos animais, passaram em suas mãos: Hondo Ranchero; Breezy Chick JA; Otoe’s Capri Bar; Tucupi SKR, Bonito; Avião Negro; Fancy Top EW; EW Reska; Happy Hill MA13; Filito 2F; Cromita MA 10; Ew Dalanda; Alazão Perigo; Sassy Top Moon; Capitão Courien; Rubi Clue; Vivid Apollo; ST Farofita; ST Juanita; ST Milk Shady; ST Analeo; ST Sukita; ST Creekita e ST Fishers Leo.
Depois de trabalhar em tantos lugares, voltou para São Paulo, mudando para o Rancho 3 Meninas, em Lençóis Paulistas, onde seu filho, Marco Toledo Filho, junto com sua nora, Ana Paula Zillo, montaram então o próprio Centro de Treinamento. Embora continue trabalhando para Marcio Tolentino, Marcão tem seu próprio Centro de Treinamento na cidade de Piratininga (SP). Ele finaliza agradecendo os frutos que vem colhendo devido a sua dedicação ao trabalho, a sua família, com a qual pôde contar em todo esse tempo, e a Jesus por tudo que o cavalo lhe proporcionou.
Sérgio Luiz Rodovalho Nouguès
Sérgio Luiz Rodovalho Nouguès tem seu nome marcado na história da raça Quarto de Milha, tanto como criador como dirigente da ABQM.
Tudo começou em 1972 no Haras Palmares, na cidade de Garça (SP), com poucos animais que foram adquiridos do dr. José Eugênio de Rezende Barbosa. Em 1976 viajou aos EUA , de onde importou três garanhões, Eternaly Fred (Eternal Steel) com 6 meses de idade, Alamitos Lad (Alamitos Bar) e He´s Pure Class (Impressive), com cerca de um ano de idade cada e, na barriga da mãe, o garanhão Doc´s Silver Lou (Doc Bar), além de 15 matrizes.
A dedicação de Sérgio Nouguès em formar um amplo plantel de Quarto de Milha o levou no início de 1987, em menos de dez anos, a possuir aproximadamente 200 fêmeas, entre puras e mestiças, e seis reprodutores das linhagens de Corrida e Conformação. “A criação estava orientada no sentindo de formar animais Velocistas (25%), para Apartação (25%) e 50% num esforço para conseguir a formação do cavalo versátil completo que é a essência do Quarto de Milha”, disse ele na época.
Nouguès descreve com muita emoção os garanhões que tinha nas cocheiras do Haras Palmares e que se tornaram reprodutores de destaques em várias modalidades de provas, entre eles líderes de estatísticas. “O Alamitos Lad era certamente o mais conhecido na época, servindo praticamente desde o início da nossa criação o plantel de matrizes, gerando produtos comprovados em Conformação e Corrida”. Outro cavalo elogiado por ele foi Doc’s Silver Lou: “Um cavalo tordilho de excepcional linhagem de Apartação, juntamente com seu filho Cutter Doc SLN, fruto do cruzamento com a importada Ima Royal Cutter (filha do Campeão Mundial Cutter Bill) que foram os responsáveis pelos produtos que se destinavam a esta modalidade”.
O criador dispunha de animais com grande variedade de “papéis” e podia escolher os melhores acasalamentos, pois na época possuía ainda dois jovens garanhões de sua criação para a reprodução. “Um era o alazão Diamond Mac SLN, animal de selecionado pedigree, filho de Diamond Jiggs e Boogie Dondi, neta paterna de Two Eyed Jac e ainda Boston Mac na linha baixa. Todos, líderes de reprodução nos EUA nas modalidades Apartação e Performance. O outro era o Doc’s Silverskip SLN (Doc’s Silver Lou), que foi campeão Potro do Futuro de Rédeas e de Western Pleasure em seu primeiro ano de participação”.
Sobre Eternaly Fred, Nouguès respirou mais profundamente para falar do cavalo. “Eu o trouxe com apenas seis meses dos EUA e foi um dos animais que mais me proporcionou alegrias ao longo de sua trajetória como garanhão. Muitos de seus filhos foram levados ao Nordeste e se consagraram, em boa parte, vencedores de Vaquejadas por toda essa região do País, tornando-se uma lenda desta modalidade para os nordestinos”. Ele informou que recebeu uma homenagem especial em Pernambuco, no mês de agosto do ano passado, durante o Leilão Evolução, como precursor do Eternaly e de todos os competidores que fizeram dele a maior lenda do cavalo de Vaquejada do Brasil. Ainda em relação aos garanhões que trouxe dos EUA, He’s Pure Class gerou King Size SLN, cavalo que se tornou um dos mais pontuados da raça em Trabalho.
Deixando um pouco de lado sua criação, dedicou-se à campanha política em prol da raça Quarto de Milha, sendo eleito presidente da ABQM para o biênio 85/87. Em sua gestão atuou em alguns setores com destaque, obtendo sucesso. Respectivamente, no aumento de 80% no número de associados, passando de 1.380 para 2.487; na transformação do Boletim de Notícias em Revista, com circulação em todo o território nacional; na compra do imóvel, unidade da Rua Dona Germaine Burchard, que proporcionou além do investimento um maior espaço para atender os associados e o quadro de funcionários; além da aquisição da Central de Computação, com terminais e impressoras.
Voltando à criação, após alguns anos, seu plantel começou a tomar um rumo diferente, cruzando Alamitos Lad com importantes matrizes de seu plantel dirigidas à Corrida, gerando animais vitoriosos em vários hipódromos. Entre eles, destacamos as Rainhas da Velocidade: Lads Buzzy SLN, em 86, e sua irmã materna, em 87, Miss Galant SLN (mãe: Dean’s Miss Buzzy), além conquistar a 1ª prova da Tríplice Coroa em 87; e Letícia Lad, vencedora do GP Taça de Prata de 1986.
Para aprimorar ainda mais esse segmento, passou então a usar a sigla SLN, iniciais de seu nome, obtendo uma grande vitória com o cavalo Wild Dash SLN (mãe: Wild Mable), tornando-se Rei da Velocidade 95. Fortalecendo sobremaneira o criatório, para servir as matrizes de velocidade adquiriu o importado Only A Streaker (Streakin Six x For Tears Only, por Dash For Cash), irmão materno dos tríplices coroados: Apollo VM e Nordick Only VM. Entre seus produtos destacam-se Only Gallant SLN, vencedora dos GPs: Criação Nacional e Wellington Germano de Queiroz em 95 e o cavalo Special Streaker SLN (Only A Streaker x Jet Effort SLN), conquistando o GP Campeões das Distâncias 99.
Utilizando toda sua experiência, participou e orientou alguns condomínios para que trouxessem ao Brasil, no período de monta, os reprodutores norte-americanos: Eyesa Special, King Corona e Mighty Corona.
José Aprígio Brandão Vilela
O empresário alagoano, José Aprígio Brandão Vilela, carinhosamente conhecido como "Zé Aprígio", era filho do saudoso senador Teotônio Vilela e de Helena Quintella Brandão Vilela. Engenheiro Civil e usineiro, foi presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) e tornou-se uma das maiores lideranças empresariais de Alagoas, sendo reconhecido por todos por seu papel social e beneficente.
Sempre tratando com muito respeito a quem lhe dirigia as palavras, não fazendo distinção à classe social. Casado com Themis Vilela era pai de quatro filhos. Foi um dos mais respeitados criadores de toda a história do cavalo Quarto de Milha em seus 28 anos dedicados à raça. Mostrando uma garra incomum em viver e nunca reclamando ou se lamentando por seu estado, não resistiu à luta contra o câncer, que já travava há alguns anos, veio a falecer no dia 7 de agosto de 2005, aos 55 anos de idade, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, tornando-se um ícone entre os quartistas.
Titular do Haras Boa Sorte, em Viçosa (AL), iniciou em 1989 sua brilhante trajetória em eventos da raça Quarto de Milha, apresentando animais de seu plantel no Campeonato Nordestino, onde conquistou com Sonita Otoe e Conclusive Money, respectivamente, os títulos de Grande Campeã e Grande Campeão de Conformação e sagrando-se o Melhor Expositor.
Já em relação à ABQM, participou pela primeira vez em 1990 no Campeonato Nacional, realizado em Goiânia (GO), conquistando no julgamento também com a égua Sonita Otoe os troféus de Grande Campeã das classes Aberta e Amador e, ainda, com Justa Impressive JAV (primeiro produto de sua criação) um honroso título de 3º lugar no Potro do Futuro. Em 1991, fez sua estréia no I Congresso Brasileiro, ocorrido na cidade de Bauru (SP), obtendo o título de Grande Campeã (Aberta/Amador) com Elusive Lady Gray e, para coroar seu plantel, recebeu também o troféu de Melhor Expositor.
Ganhou mais de 385 troféus de campeão e reservado campeão. Importou Mr Almost Four, garanhão que foi um marco na sua criação. Fez campanha nos Estados Unidos com Precedence, Mr Elegant Hint, Tardees Tru Luv e Feature Walliby, todos campeões mundiais.
Na linhagem de Trabalho, começou a competir com o Western Pleasure no Congresso 2002, realizado em Ribeirão Preto (SP), obtendo com a égua Ima Boston Crocker (Betty) o título de campeã Sênior (Aberta/Amador). Deve-se ressaltar que seu plantel compareceu nesses grandes eventos da ABQM ininterruptamente nesses 16 anos, até a atual temporada de 2005. Era o primeiro criatório a chegar e o último a sair. Seus animais chegavam ao parque de exposições 15 dias antes de começar os eventos, após viajarem 3,8 mil quilômetros, durante quatro dias. Foi a todos os campeonatos mundiais da AQHA de 1984 a 1997. Possuiu vários animais que participaram deste importante evento.
Adquiriu um cavalo, ainda potro ao pé, Mr Moola Made (Freddy), e o apresentou nas categorias: menos de 1 ano, 1 ano e 2 anos, nos EUA, onde o consagrou campeão Mundial Palomino.
Admirado e respeitado por onde passou foi sempre saudado. Foi membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM) desde 1991, e vinha ocupando honrosamente o cargo de vice-presidente dessa entidade desde 1995. Contribuiu também com seu carisma e respeito na organização do I e II Potro do Futuro e Campeonato Nacional ABQM de Vaquejada, realizados respectivamente em 2003 na cidade de Bezerros (PE) e em 2004 em Pilar (AL). Além de ser um eterno apaixonado por cavalos da linhagem de Conformação e Trabalho foi também um valente vaqueiro, nas provas de Vaquejada, onde em 1973 conquistou seu primeiro título, como puxador, no Parque de Vaquejada São José na cidade alagoana de Palmeira dos Índios. Em relação ao seu plantel, dois animais de sua criação levaram os títulos da Vaquejada ABQM: campeã Nacional, com Docs Jane JAV; e de reservada campeã Potro do Futuro, com Lara San JAV. Foi também proprietário de um dos mais importantes cavalos de Vaquejada até hoje, Silver Doc SLN.
Por todas estas ações realizadas em prol da raça Quarto de Milha, a ABQM lhe concedeu o honroso título de Sócio Benemérito, através de uma placa com os seguintes dizeres: "O maior dos elogios ao seu caráter é pouco, diante de suas ações e interação entre todos os criadores do Brasil, por isso, merecedor desse honroso título benemérito".
Nada melhor que mostrar tais feitos, relembrando depoimentos dados por Themis Vilella, sua esposa e companheira de várias jornadas, após alguns meses de seu falecimento: “O Zé Aprígio amava os cavalos e eles eram a sua vida. Tudo começou com paixão de criança. Ganhou seu primeiro cavalo, Disco Voador, aos três anos. Dizia sempre: “Para criar cavalos têm que gostar. Não é só ter dinheiro para comprar. Eu presenciei pessoas que começaram e em pouco tempo pararam”.
O Zé Aprígio conseguiu agregar muitas amizades no mundo do cavalo e em várias classes empresariais, enfim, onde ele atuou recebeu homenagem. Ele era uma pessoa com um espírito diferenciado, um líder nato que viveu fortemente tudo o que fez. O Quarto de Milha deve muito ao Zé, da mesma forma que fez muito por ele, parece que tinha o ‘sangue QM’ nas veias.
A satisfação dele era falar de cavalos, de embriões, de coberturas, dos cruzamentos. Parece que o QM o ajudou a suportar a doença.
Ele tinha outras atividades profissionais, como o leite e o açúcar, mas o cavalo era diferente. Ele era uma unanimidade, um grande criador, mas, principalmente, um grande amigo. Em todas as áreas que havia uma adversidade ou problemas, as pessoas chamavam o Zé Aprígio e ele conseguia fazer com que todo mundo se acalmasse e conseguia juntar todo mundo. As pessoas tinham orgulho de ser amigo dele. Na verdade, mesmo sabendo disso tudo, eu me surpreendi com tantas manifestações de carinho.
Para se ter uma ideia, segundo os registros do cemitério, nunca houve tanta entrega de flores como na ocasião do sepultamento do José Aprígio. Acabaram todas as flores de Maceió e as floriculturas mandaram buscar caminhões de flores no interior, pois assim que as pessoas ficaram sabendo do seu falecimento começaram a encomendá-las. Foram feitas mais de 500 corbélias e não tinha mais onde colocá-las. Seu enterro, em Maceió, tinha tanta gente como foi o do pai dele, o senador Teotônio Vilela.
Posso afirmar que não existe ninguém insubstituível, mas com certeza, o José Aprígio vai deixar um grande vácuo, pois em todos estes anos, ele foi um ícone na criação da raça Quarto de Milha no Brasil”.
Gianni Franco Samaja
Com entrevistas publicadas em edições da Revista QM e por informações prestadas por sua assessoria, reproduzimos um pequeno perfil de um dos mais importantes criadores de cavalos de Corrida da Raça Quarto de Milha. Tudo começou quando o inglês Robert Campbell resolveu vender sua fazenda e se desfez de sua tropa de animais Quarto de Milha, composta de 10 éguas mestiças, em maio de 1973. Com a venda, ele não poderia supor que estava, indiretamente, dando a oportunidade à Gianni Samaja de iniciar um criatório dos mais valorizados plantéis da raça, o do Haras Santo Angelo. Segundo a reportagem, somente três anos mais tarde é que o haras começou um trabalho mais apurado, com a aquisição de cinco éguas de primeiríssima linhagem, entre elas Noon Burner, Quarter Moon Top e Dacin Moon, todas filhas de Top Moon e com Registros de Méritos, através da viagem que Gianni fez aos EUA, nos estados do Texas e da Califórnia.
Nessa mesma época, a reportagem relata que teve início o preparo de uma arena, cocheiras e a formação de uma infraestrutura à altura do empreendimento que estava sendo realizado. Como as éguas importadas vieram prenhes de garanhões norte-americanos, foram iniciadas, meses depois, as comercializações envolvendo animais puros descendentes desta importação. Os passos seguintes foram à inclusão de cavalos mestiços em leilões, em 1978, e nas corridas, um ano após. Em 1981, a tropa mestiça foi transferida para a Fazenda Xangrilá, em Bauru (SP), também de propriedade de Gianni, que explicou qual o motivo pelo qual manteve 15 éguas puras em Brotas (SP), com apenas um garanhão em uma das fazendas: “É preferível comprar a cobertura de um garanhão que vem apresentando um ótimo índice de produtividade do que manter vários deles. Assim, conservamos em nosso plantel sempre o que há de melhor”, disse Samaja na época.
As matrizes importadas pelo Santo Angelo geraram importantes animais que se tornaram destaques nas pistas de corridas, entre eles vários recordistas, e também na reprodução. No início, o plantel teve ainda um exemplar que despontou em exposições, Angel Moon Tru (filho da reprodutora Moon Burner), tornando-se Grande Campeão Cavalo e Campeão da Raça Quarto de Milha na Semana do Cavalo de 1982, organizada pela Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional (CCCCN). Além desse cavalo que é pai de Far West SA, Moon Burner produziu uma grande vencedora em vários hipódromos. Do cruzamento com Dash For Cash Jr surgiu Gea Moon, que obteve na época o recorde de Carazinho (RS), nos 503 metros, em 28s74, além de vencer a 3ª prova da Tríplice Coroa, na mesma distância e com a mesma marca. Ela entrou para a história da raça como a primeira égua de Corrida a ser exportada aos EUA. Em relação a Quarter Moon Top, ela produziu Colt Moon Man, Capricio Moon e Do Right Wars. Já Dancin Moon deu origem às clássicas e Registros de Méritos: Chief Moon Bar, Ficka Dancin Gallant, Dancin Tuff Moon, Ellen Dancin Bar e Hello Dancin Dash, entre outros.
As cores do Santo Angelo (ouro e preto, em faixas horizontais) brilharam mais uma vez, com o desempenho da égua importada Moolah Rockette, recordista dos 402m e que se tornou também uma grande reprodutora. Outro recordista do plantel foi Do Right Wars, em 1983, no Jockey Club de Ribeirão Preto. Neste período os produtos Santo Angelo também se destacavam em leilões, entre eles os promovidos pela ABQM, onde a potranca Dancin Tuff Bar tornou-se a recordista de preços do ano.
Esse sucesso em tão pouco tempo levou Gianni a explicar suas posições no que diz respeito a uma boa criação: “A melhor coisa para se criar bem um cavalo é cuidar com atenção da terra e das pastagens. Os potros respondem positivamente a todo e qualquer cuidado extra que se tenha com a terra, a começar com o plantio de melhor qualidade de capim. Isto feito, é só complementar a alimentação com rações e remédios”. Segundo ele, deve-se ainda atentar para as origens e linhagem quando da compra de um animal, bem como a análise de seu pedigree, no acerto de qualquer cobertura. “Os pedigrees até a 4ª geração são fornecidos pela ABQM diretamente pelo computador”. Samaja dizia ainda: “O acompanhamento de um veterinário também é um dos segredos fundamentais. O Santo Angelo conta com dois profissionais dessa área. Um deles faz uma vistoria mensal e outro, que mora mais perto da fazenda, realiza uma visita semanal e faz o atendimento das emergências”.
Acumulando toda essa experiência em corridas e exposições, além de um currículo vitorioso, esse apaixonado por cavalos de Salto, também obteve muita satisfação em tal segmento, já que esses animais lhe proporcionaram conquistas títulos brasileiros e paulistas e o conduziram, no dia 6 de março de 1983, a se tornar o quinto presidente da ABQM. Quando assumiu a direção da entidade tinha como meta realizar uma série de eventos em todo o país, com um calendário planejado para o ano todo. “Nossa outra meta foi o de incrementar todas as modalidades, não só para os adultos, mas também para juniores, mirins e amazonas. Isso com o intuito de proporcionar maior incentivo às exposições no Estado de São Paulo, aos eventos regionais nos demais estados e dando total apoio às corridas, além de divulgar cada vez mais a raça em todo o país”, informou Samaja.
“Correndo no tempo”, nestas quase quatro décadas, até chegar aos dias de hoje, muitos animais contribuíram para que o Haras Santo Angelo se tornasse um dos principais criatórios da raça, acumulando um cartel de títulos em várias provas clássicas, fruto das importações dos reprodutores: Blazen Bryan (já desaparecido) e Corona For Me que retornou ao Brasil em 2010 em definitivo, sendo sindicalizado. Eles proporcionaram ao criatório, através de seus filhos, a Liderança das Estatísticas em várias temporadas, pelo Jockey Club de Sorocaba nos anos (Geral: 1999/2004/2007/2009 e 2011; e Estreante: 1998/1999/2001/2003/2004/2009 e 2011). Estão entre estes produtos os clássicos: Traquina West, Aladim Bryan, Tagarela Darling SA, Boava Bryan VM; Birba Jump, Chorus Bryan, Visconde Dash SA, Amanda Jumpim, Aladim Bryan SA, Cristalina Bryan, Duce Bryan, Tagarela Darling SA, Creonte Bryan, Brando Bryan SA, Vitesse Bryan SA, Xa Xa Xa Xa SA, Atacama Bryan SA, Golias For Me, Ha Ha Ha For Me, entre outros.
Além desses reprodutores, Gianni Samaja importou recentemente Gold Medal Jess e está repatriando Aladim Bryan SA (único cavalo brasileiro recordista dos 503 metros em Los Alamitos – EUA) e Fantastic Corona Jr para continuar servindo o plantel nacional. O Haras é destaque também nos EUA, através de Good Reason SA, vencedor do GP Champion Of Champions (G1), em Los Alamitos /EUA (402 metros – 21s440) e eleito o Cavalo nº 1 pela AQHA em 2011.
Finalizando, Gianni informou que hoje o haras conta com uma equipe veterinária formada por três profissionais, sendo um residente, um que faz visitas semanais e um específico para a área de reprodução.
Animais Premiados
Conteúdo com Anos 2012 .
El Zorrero
importado El Zorrero, nascido em 1969, foi treinado para corridas onde obteve várias colocações nos EUA. Filho de Otoe e La Zorra Mana (Hired Hand), foi trazido ao nosso país através da norte-americana Swift King Ranch Inc., juntamente com outros importantes reprodutores na época, entre eles Dan’s Boy Skippy e Eduardo. Segundo Cláudio José Damasceno, um dos funcionários remanescentes das Fazendas Swift King Ranch do Brasil, que a partir de 1982 se tornou somente King Ranch do Brasil, o cavalo foi transferido em 1975 à Sasa Agropastoril, empresa do Grupo. “No ano seguinte, em um dos leilões promovidos pela KRB, foi colocado à venda o cavalo El Zorrero. Bem disputado na época, ele foi adquirido pela Canabrava Agropecuária, de Uberaba (MG), e passou a servir as matrizes da propriedade e de terceiros até o seu desaparecimento em julho de 1993. Na reprodução, El Zorrero tornou-se um dos destaques, principalmente em relação aos animais voltados às modalidades Laço, Vaquejada, entre outras, tanto como pai e como avô. Conforme publicação na Edição de Garanhões 2011, dos 620 animais registrados de El Zorrero, 39 filhos são pontuados no Registro de Mérito da ABQM em Trabalho, totalizando 1.010,5 pontos. Entre eles, destacam-se os campeões de Laço de Bezerro e em Dupla: Ator Sasa, tricampeão Nacional (200,5 pontos); e Tacape SKR, com 97,5 pontos, além de outros premiados como Tamociro SKR, Remate SKR, entre outros.
Shady Leo
hady Leo, nascido em 1978, filho de Shady Apolo Bars e Miss Tonta Leo (Bufferin’s Leo), foi criado pelo Haras Quatro Irmãos, em Bauru (SP), passando para o plantel do dr. Marcio Tolentino (Haras ST) em dezembro de 79, onde serviu as matrizes de sua propriedade por longos anos. Esse garanhão teve toda sua vida reprodutiva nessa região do Estado de São Paulo e em julho de 1996, após 16 anos e meio, foi transferido em parceria para Fazenda Caruana, dos titulares Fauzet e Paulo Farha, seus últimos proprietários até o desaparecimento em 28 de janeiro de 2000, tornando-se uma lenda brasileira na modalidade de Trabalho. Ele ainda mantém o título de líder absoluto das estatísticas de Reprodutores pela ABQM, com 322 animais registrados, sendo 131 pontuados em Trabalho, somando 6.137,5 pontos (Ed. Garanhões 2011). Entre os inúmeros filhos pontuados, destacam-se as campeoníssimas em Tambor e Baliza, a desaparecida em 13/01/2010, Cromita MA 10 (745 pontos de Registro de Mérito, o maior até agora); e Kromita Comka 2F, animal Superior em Três Tambores e Seis Balizas, somando 277 pontos.
A revista Quarto de Milha procurou o dr. Marcio Tolentino, para contar alguns “causos” sobre esse famoso garanhão. Ele resumiu assim. “Sem dúvida o Shady Leo foi o maior fenômeno na criação brasileira do Quarto de Milha de Trabalho, particularmente nos Três Tambores. Morto há 12 anos, ainda é líder absoluto como produtor de cavalos com Registro de Mérito de Trabalho (seus filhos somam mais de 6.000 pontos, marca que dificilmente será superada por muitos anos). Por essa incrível performance falou-se e escreveu-se muito, restando apenas curiosidades conhecidas por poucos que conviveram com ele. O Shady Leo nasceu em setembro de 1978 e sua mãe morreu antes que ele completasse dois meses. Foi criado na mamadeira, pois quando sua mãe foi levada ao Pruden Haras para ser coberta com o Show a Chick veio a falecer após uma injeção na veia. O carinho e atenção dos tratadores daquele haras manteve o potro vivo até voltar para o Haras 4 Irmãos, do dr. Heraldo Pessoa, seu plantel criador”.
Continuando, revelou porque escolheu o Shady para servir o seu plantel. “Comprei o Shady aos oito meses pelo seu pedigree e morfologia. Procurava um filho do Shady Apollo Bars por ser ‘fechado’ em Sugar Bar, que em minha opinião era um dos maiores chefes de raça americano e fui buscá-lo no Haras 4 Irmãos. Sempre admirei o plantel de matrizes do dr. Heraldo – preciosidades até nos Estados Unidos. Havia três potros filhos do Shady Apollo Bars e um deles era filho da Miss Tonta Leo: ‘vestiu como luva’. Não bastasse o sangue do Leo, um filme em 8mm mostrou o ‘Loly’, ainda criança, correndo Seis Balizas na Tonta Leo, a mãe do Shady que era realmente boa. A morfologia do potro também me agradou muito”. O Shady custou Cr$ 800,00 (oitocentos cruzeiros - mais ou menos 500 dólares). Ele é um cavalo ambidestro. Mais de 80% dos cavalos são canhotos - os destros são minoria e os ambidestros raridade. São aqueles que ao galopar fazem círculos perfeitos à direita e à esquerda sem que a gente perceba se há lado dominante; como seres humanos que escrevem com as duas mãos. O Shady Leo mostrou-se ambidestro logo ao ir para o carrossel com um ano e pouco. Essa característica é genética. Afirmei: ‘Definitivamente eu havia achado meu reprodutor’.
Além do dr. Márcio, tiveram mais pessoas envolvidas no projeto Shady Leo. Tolentino conta que além dele, muitos outros colaboraram para o sucesso do garanhão. “Pobre homem que pensa ser o único responsável por um sucesso como esse. O Shady é fruto de muitos construtores, entre eles o dr. Heraldo que escolheu o cruzamento; o Ditinho, treinador do Haras Quatro Irmãos, que domou e divulgou muito as qualidades do cavalo nos seus primeiros cinco anos, tornando-o campeão Potro do Futuro de Rédeas, além ser o reservado campeão na Apartação no mesmo ano, perdendo apenas para o Sanjay; o dr. Francisco Bertollani, que ‘bolou’ o cruzamento do Shady com éguas filha do Trouble Two Times (cruzamento até hoje insuperável), gerando em sua primeira produção a Cromita. Segundo ele, após 18 anos servindo as matrizes do Haras ST, interrompeu por dois anos o criatório. “Nesta época, o Paulo Farha fez uma parceria com o ST acolhendo o garanhão e dez das suas filhas. Nos quatro anos em que esteve na Caruana, o Paulo cuidou do garanhão com enorme carinho e impulsionou seu nome de maneira ímpar. Disseminou definitivamente a genética do Shady nos Três Tambores, onde produziu entre outras, as Registros de Méritos em Baliza e Tambor: ST Analeo (345,5 pontos), Sally Shady (197,5 pontos), She’s A Shady (166,5 pontos), Shady Sally Times (91,5 pontos), Indira Shady (83,5 pontos), Magnólia Shady (46 pontos) e Biefriend Shady (45,5 pontos). O Shady morreu no início de 2000 e eu nunca quis saber do quê. O Marcão Toledo também foi fundamental para o cavalo. Apaixonado pelos seus filhos e filhas, seguramente domou expressiva maioria dos principais campeões que ele produziu. Hoje doma suas netas e bisnetas! O Vaguinho concluiu o serviço do Marcão e todos sabem a quantidade de suas vitórias nas filhas e netas do Shady. Seguramente, esse atuante treinador foi o atleta desta grande família. E finalmente, nas mãos de meus filhos, não menos apaixonados pelo Shady Leo, do que todas as pessoas que citei. Isso porque foram eles que fizeram as provas de Baliza e Tambor nos primeiros filhos do Shady, nascidos no ST, correndo nas categorias Mirim e Infantil no início dos anos 80”. Concluindo, disse: “Um garanhão do passado, do presente e do futuro. O Shady não é só história, ele está presente agora em 2012. Dos cinco melhores garanhões de 2011 quatro são filhos do Shady Leo. Sua filha ST Cajuína sagrou-se pentacampeã nacional na produção de cavalos de Tambor.
Signed To Fly
igned To Fly, importado em 1992 por Carlos Raul Consonni, titular do Haras Bonfim, com o apoio de dois outros destacados criadores brasileiros, respectivamente Érico de Oliveira Braga (Haras Prata) e Renato Eugênio de Rezende Barbosa (Fazenda Berrante), introduziu uma grande genética na linhagem Corrida. Após a liquidação do plantel do Haras Bonfim, a porcentagem do garanhão passou a pertencer a um grupo maior de condominiados, incluindo os criadores Ovídio Vieira Ferreira, Wellington Germano de Queiroz, Benny Rosset e Mauro Eli Zaborowsky.
Filho de Signature e Flying Smoothly (Easy Jet), destaca-se em sua campanha nos EUA como ganhador clássico com sete vitórias, incluindo o GP Kansas Futurity (G l) e ganhos de US$ 269 mil. No Brasil, tornou-se o Campeão das Estatísticas de Reprodutores pelo Jockey Club de Sorocaba por seis temporadas: 1996, 1997, 2002, 2003, 2006, 2007, além de ser o primeiro em 2008 por Somas Ganhas e em 2010 com Produtos Estreantes (vitórias e colocações). Segundo estas estatísticas, publicadas na Revista QM (Edição Garanhões 2011), dos 327 produtos de Signed To Fly em pista, foram apurados em 454 páreos disputados, 403 primeiros, 331 segundos e 291 terceiros lugares, acumulando ganhos de R$ 4.812.881,60 em prêmios.
Destacam-se entre seus filhos os AAAT clássicos: Kelia Vista (Tríplice Coroada), Mogambo Fly VM (AAAT-120, Tríplice Coroado), Signed By Mama, Signed For More, Signed By Tammy, Queen Darling SA, Signed To Tet, Gipsy Signature, Signed Tokanon Jam, Signed By Moon, Quinta Signed SA, Tudor Fly VM, Freedon Signed MK, Nikita Vista; além dos AAA: She's Signed, Signed To Shiney, Signed Down Dash, Giant Fly VM, Odalisca Fly VM, Signed Bugs Fly, Olivia Vista, Otima Vista, Signature Dash Moon, The Signed, Magnífico Fly, entre outros AAA.
Feature Ferrari
importado Feature Ferrari é considerado por muitos criadores brasileiros o pai da linhagem de Conformação. Desaparecido em maio de 1994, ainda está no topo do ranking brasileiro entre os reprodutores, com 214 filhos registrados, sendo que desses, 58 são pontuados e totalizaram 486 pontos.
Filho de Quincy Feature e Glos (Mr Joe Glo), foi importado dos Estados Unidos pelo carioca Carloman Maia de Oliveira (Haras Santo Antonio), depois de ser 17 vezes Grande Campeão em exposição nos EUA, conquistou no Brasil o título de campeão Nacional, Superior em Conformação, produtor de animal Superior em Conformação e Registro de Mérito em Trabalho, além de finalistas de Rédeas e Western Pleasure. Destacou-se na reprodução, produzindo: Feature Ferrari Jr, Blood Ferrari, First Lady Ferrari, Mr Feature Ferrari, Fantastic Ferrari, ST Feature Chick, My Fantastic Ferrari, MS Redskin Ferrari, Sizzling Ferrari, Feature Porsche, Forever Ferrari RT, entre outros.
Carloman Maia conta um pouco da história do campeão. Ele lembra que em 1984, quando iniciou sua criação, saiu à procura de um garanhão para desenvolver a raça Quarto de Milha. “Cada criador tinha um padrão de cavalo para criar e o meu era Feature Ferrari”, recorda. Segundo ele, após um minucioso estudo de linhagens, Quincy Feature, bicampeão mundial e descendente de Sir Quincy Dan, era o caminho a seguir, para aliar conformação e trabalho. Além disso, era necessário que o escolhido tivesse uma boa mãe, de preferência da linhagem de Trabalho. “Marquei uma entrevista com Charles Morgan, dono de Quincy Feature, no Texas (EUA). Chegando lá, após ver vários animais, contei-lhe o que tinha em mente, a espécie de cavalo que queria. Ouvi dele que o melhor filho de Quincy Feature encontrava-se na Califórnia. Seu nome: Feature Ferrari”, lembra Carloman. O entusiasmo tomou conta do criador. Ferrari era tudo que ele tinha imaginado. Ainda mais: sua mãe era neta de Poco Bueno, com temperamento fantástico. Após uma campanha de 21 vitórias, nos Estados Unidos, sendo 17 vezes Grande Campeão e quatro como reservado Grande Campeão, Ferrari chegou ao Brasil e ficou alojado na Fazenda Berrante, em Assis (SP). Quatro dias depois, foi apresentado na Exposição de Presidente Prudente, sagrando-se Grande Campeão. Começava sua vitoriosa carreira no País. “No Brasil, Ferrari foi um ‘papão’ de títulos. Grande Campeão Brasileiro, Superior de Halter e líder absoluto do ranking de reprodutores”, afirma Carloman. Ele informa ainda que em toda a literatura existente sobre os garanhões líderes de ranking, a média de idade para os que assumiram o primeiro lugar era de 12 anos: “Ferrari tornou-se líder do ranking aos cinco anos e não mais perdeu durante toda a sua vida. Dois fatores que ficaram para a história da Conformação: “No Potro Futuro, realizado em Brasília (DF) em 1988, quando as cinco filhas de Ferrari concorreram, todas ficaram com as cinco primeiras colocações; e no ano seguinte, no mesmo evento em Maringá (PR), quando foram apresentados os seis únicos machos filhos do Ferrari na competição, eles obtiveram os seis primeiros lugares - feitos jamais igualados até hoje”. Emocionado, logo após o desaparecimento do garanhão, Carloman disse: “A contribuição de Ferrari para a raça Quarto de Milha no Brasil foi muito maior do que se possa imaginar e ela será notada por muitos anos. Dificilmente outro garanhão conseguirá fazer o mesmo em tão pouco tempo, com tanta graça e beleza”. Conviver com Ferrari foi algo fácil e agradável. Esquecê-lo será uma tarefa muito difícil”.