Menu Exibir
Quartistas Homenageados
Conteúdo com Anos 2017 .
Paulo Farha
Conhecido por quase todo o País, Paulo César Rebeis Farha destacou-se como competidor em várias modalidades de provas, além de um visionário criador de cavalos Quarto de Milha junto com seu pai Fauzet Farha, titular da Fazenda Caruana, além de um atuante dirigente da ABQM.
Nascido em Bauru (SP), em 1965, desde os 11 anos de idade, já mostrou sua paixão pela raça formando uma dupla quase imbatível com Trouble Two Times - um eterno símbolo da Fazenda Caruana.
Além dos inúmeros títulos conquistados em Baliza e Tambor, esse cavalo tornou-se o garanhão chefe da Caruana e um dos principais reprodutores de Trabalho da história da ABQM, produzindo vários Registro de Mérito, até ser homenageado no Hall da Fama 2015.
Além de Trouble, Paulo Farha conta que outros animais ficaram marcados para sempre em sua memória e marcaram importantes momentos nas pistas. “Um deles foi o Hayward Johnny, campeão Nacional no Laço em Dupla, na classe Aberta, tempo em que o evento era realizado em dez etapas aproximadamente e que tive como parceiro o amigo Rogério Ferraz”. Outro citado por ele foi o Bar Trouble FF, conquistando muitas provas e títulos no Tambor e na Baliza. “Com Landau também fui campeão Nacional, acho que na Maneabilidade, e com o Spirit Of Caruana voltei a ser campeão Nacional mais recentemente, no Tambor. E por aí vai ....rssss”, lembra Farha.
Formado em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE), em Bauru (SP), estudou também Economia por três anos, mas interrompeu o curso por razões profissionais. Ao longo dos anos Paulo tornou-se empresário rural, além de sócio em escritórios de Assessoria e Consultoria Administrativa e Jurídica, em sua cidade natal e também em São Paulo, sendo dirigido por sua esposa, a advogada Andréa Solis Farha, com quem é casado há 25 anos e possuem três filhos (Thomaz, Thales e Lorena), todos seguindo sua trilha vitoriosa nas pistas.
Sócio pleno da ABQM há 36 anos, mostrou-se um colaborador ativo e participativo das ações da entidade, integrando-se ao Conselho de Administração em 1993, além de ser eleito como presidente deste colegiado em dois mandatos consecutivos, de 2006 a 2009. E para coroar seu trabalho em prol da raça, foi eleito em outubro de 2009 como presidente executivo da ABQM, com aproximadamente 60% dos votos.
Com sua experiência do dia a dia da raça, transformou a Associação em uma moderna máquina administrativa, atuando em todos os seus departamentos com muito dinamismo e informatização, posicionando-a ainda mais como referência para todas as outras entidades equinas, o que o levou a reeleição em 2011 tendo à aprovação de 93,8% dos votos válidos.
Há 43 anos, Paulo tornou-se muito participativo na criação de Quarto de Milha junto com seu pai Fauzet Farha, titular da Fazenda Caruana, na região de Bauru (SP). Contam na atualidade com um plantel de aproximadamente 770 animais Quarto de Milha registrados, entre garanhões, matrizes, potras e potros, e com mais de 200 receptoras, usadas em transferência de embriões que são realizadas na própria fazenda.
Sua criação é voltada para diversas modalidades, como Tambor, Baliza, Apartação, Rédeas, Team Penning, Working Cow Horse, Laço Individual, Laço em Dupla, Vaquejada e Laço Comprido. A Caruana é também uma das fomentadoras do mercado quartista, realizando em média três leilões próprios por ano e ainda participante como convidada especial em inúmeros leilões de outros criatórios.
Paulo Farha e a Fazenda Caruana estão sempre entre os homenageados como Melhor Criador ou como Melhor Proprietário da raça Quarto de Milha, do ABQM Awards, título criado em 2007.
Como proprietário também participa regularmente com os seus animais de competições em diversas provas e campeonatos regionais e estaduais, nas mais diferentes localidades, como Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de possuir animais no nordeste que participam de Vaquejadas.
Na reprodução, a Caruana tornou-se também um dos principais plantéis da raça, tendo em suas fileiras muitos líderes de estatísticas, como: Trouble Two Times, Shady Leo, Hobby Top Cody, Mister Slydun Pine e o fenômeno El Shady Zorrero.
Diana Cox
Sempre prestativa aos chamados de várias Diretorias da ABQM, Diana Simonetta Cox esteve presente trabalhando voluntariamente como membro do Comitê Eleitoral em vários pleitos e, também, fazendo parte de algumas Comissões Disciplinares.
E por toda essa importante contribuição à raça Quarto de Milha, sua trajetória não seria possível sem a paixão e o empenho de uma mulher de visão. Sempre ligada aos cavalos, começou praticando Salto. “Eu montava nas hípicas, centros de treinamento e na fazenda. Naquela época, esse era o esporte da moda”, lembra. “Mas na verdade, eram raras as mulheres que faziam esportes equestres, especialmente o Salto”, acrescenta. Diana conta que logo depois que começou praticar, teve seu primeiro contato com o cavalo Quarto de Milha, por intermédio de um grande empresário e criador da raça, Pery Igel, dono do Haras Imaven, e seu genro Bob que veio a falecer muito jovem. “Eles foram fundamentais para o meu ingresso na raça e participaram ativamente dessa história. Graças ao Pery, me encantei pelo Quarto de Milha”, diz Diana Cox.
Hoje o Haras Fazenda Santa Tereza, que é de sua propriedade e de Luiz Sérgio Marcondes Machado, em Ourinhos (SP), produz somente cana. No entanto, houve um período em que a Fazenda era dedicada à criação de gado leiteiro, e o forte mesmo, durante muito tempo, foi o Quarto de Milha. “Graças ao Pery, meu querido e grande amigo, eu ingressei no Quarto de Milha, e comprei os primeiros animais mestiços nessa época. Foi quando ele trouxe dos EUA o Zanador! Puxa, já faz mais de 30 anos!”.
O despertar do gosto pelo cavalo de esporte atingiu Diana e o seu neto, Ricardo de Campos Rolim, conhecido como Dudu, que começou a montar aos 17 anos com a preciosa orientação em Rédeas do treinador Jango Salgado. “Foi nessa ocasião que adquirimos o Winnin Doctari, ganhador em Rédeas e o cavalo responsável pela bonita carreira do Dudu. Meu neto tomou outro rumo, mas eu já estava definitivamente apaixonada pelo Quarto de Milha. Acho que todo mundo deveria ter um QM, porque é um cavalo de bom caráter, amigo, tranquilo, muito versátil, que serve para pessoas de todas as idades em várias modalidades. Na minha opinião, o QM pode ser ainda mais conhecido do que já é, pois seu potencial é imenso, se não corre, faz Rédeas, se é treinado para outras modalidades, acaba se saindo bem, do seu jeito e ainda brinca com as crianças. É o máximo, tem varias utilidades!”
Diana Cox também fala com carinho das grandes amizades que fez no meio quartista: “Fiz grandes e queridos amigos. Uns já se foram, grandes criadores, outros já conhecidos antes do QM, mas mantive os relacionamentos durante muitos anos. Foi a minha paixão e continuo achando, hoje, que o QM é o melhor cavalo do mundo”.
A criadora Diana Cox chegou a ter em seu plantel 30 éguas, o que considerava muito para aquela época. O primeiro garanhão foi adquirido do Marcos Penteado, pai de Helô Penteado, atualmente juíza oficial da ABQM, e se chamava Snow Horse. Na sequência, comprou coberturas de alguns bons animais de criatórios do exterior. “O cavalo como negócio foi crescendo, tanto que chegou a fugir um pouco do nosso alcance. Morava em São Paulo, mas sempre me dedicando muito à raça. Vendíamos em leilões, treinávamos na fazenda e em outros locais terceirizados. Mandamos alguns cavalos para fora do país e, com as amizades do meu neto Dudu, fomos muitas vezes fazendo trocas de animais”. Ela declarou que foi uma fase muito gostosa, onde acompanhava o Dudu nas provas e iam a muitos leilões. “Tenho muita saudade do Parque da Água Branca, onde os leilões aconteciam, dentro da cidade de São Paulo. Penso com saudade também na minha convivência com o Abdalla. Eu vi a Revista Quarto de Milha crescer nas mãos dele e se tornar o que é hoje. Aliás, não me canso de elogiar a publicação. Sob o seu comando, ela deu um ‘salto’, ficou maravilhosa”, comenta Diana.
A criadora continua, dizendo: “Minha família é pequena, tenho apenas três filhos, e eles têm hoje outros tipos de hobby e de comércio. O único neto que se dedicou realmente ao cavalo foi o Dudu, embora todos gostem muito de animais, principalmente cães vira-latas, aos quais eu ajudo através de muitas ONGs. Tenho muita saudade daquele tempo, mas sei que a gente não pode voltar atrás. Eu vivi tudo intensamente, fiz tudo com muito amor, incluindo a minha dedicação à Associação, porque acreditei nas pessoas que dirigiam a entidade. E vendo toda essa estrutura, posso dizer que estou muito feliz. Gostaria de dar os parabéns a vocês que continuam fazendo o Quarto de Milha crescer”.
Benedito Moreira
Benedito Alves Moreira ou Dito Moreira, como era conhecido, nascido em outubro de 1943, na cidade de Piratininga (SP), tornou-se referência no treinamento de importantes exemplares da raça Quarto de Milha. E um dos momentos marcantes de sua história ocorreu durante o Campeonato Nacional e Potro do Futuro de 1991, em Bauru (SP), quando foi homenageado com o título de: “O cavaleiro mais antigo da ABQM”. Em uma das matérias publicadas na edição 97 (agosto de 1994) da Revista Quarto de Milha, conta que seu envolvimento com o Quarto de Milha começou aos 34 anos de idade, quando ainda era peão de comitiva e transportava boiadas na região de Assis e Echaporã, cidades do interior do estado de São Paulo. Nessas inúmeras viagens, passando pela Fazenda King Ranch, em Rancharia (SP), decidiu dedicar-se à profissão de domador. Benedito recorda que a afinidade com o Quarto de Milha foi instantânea e ficou fascinado pela sua musculatura, inteligência, docilidade, beleza, velocidade e pela força.
A partir daí não parou mais, veio a Bauru para trabalhar com o criador Marcos Ferraz e posteriormente no Haras 4 Irmãos, do dr. Heraldo Pessoa, além da propriedade de Guilherme Ferraz. Ele lembra também com orgulho da época em que trabalhou no Haras 4 irmãos, entre 1968 e 1987, quando formou a maioria dos seus campeões: “Foi com muita paciência e esforço, além do apoio do dr. Heraldo que me fornecia a parte teórica”. Ele recorda com muito carinho do cavalo Cacareco Brasil, uma de suas primeiras “crias” e grande sensação em provas de Apartação e Rédeas.
Disse ainda que trabalhou no Bauru Haras, que hoje se chama Haras Prata, do dr. Érico Braga, e lá ficou até o final de sua carreira profissional. “Como possuía bons cavalos, por meio de cruzamentos, foi um local onde formei meus filhos e comecei a fazer cursos para alunos e estagiários vindos até do Nordeste, principalmente dos estados da Bahia e Pernambuco, além de treinar os filhos do dr. Heraldo Pessoa, o Marcelo e o Loly, aliás que se tornou um dos grandes treinadores de cavalos de Apartação”, pontuou Dito Moreira.
Em relação aos animais, formou outros importantes campeões de Rédeas, Laço, Apartação, Baliza, Tambor, Maneabilidade e Velocidade, como: Hondo Rancheiro, Double Bull, Mister Bull, Old Hondo, Capri Bar, Billy’s Gamay, Miss Tonta, Shady Leo, Florentino EW, Bar Trouble, Gold Sonora, Segredo SKR, Bonito, entre outros.
Com sua experiência de aproximadamente 40 trabalhando com o Quarto de Milha, ele diz que o pedigree do animal representa quase 90% na formação de um vencedor. “Um produto de grande linhagem perde muito de suas qualidades, se for domado de forma inadequada. Outro fator para se conseguir sucesso no trabalho é haver uma perfeita integração homem-cavalo e ter que ser conseguida pelo conhecimento do caráter e personalidade do animal”.
Sobre treinamento, ele dá uma dica: “A pessoa tem que ter capacidade, gostar bastante do que faz e se dedicar. Como exemplo, no haras, eu acordava às quatro horas da manhã. Fazia exercício, corria, laçava, dava por volta de 100 laçadas no cavalete para competir e ser ganhador. Porque se a gente só montar um cavalo bom e não treinar também não adianta”. Ele revela que até hoje é um apaixonado pelo Quarto de Milha. “Devo tudo a ele. Fico sem palavras, pois tive um período que passei alguns problemas financeiros e foi essa raça que conseguiu me ‘levantar’ e cuidar da minha família”. Ele cita que pelo de seu trabalho conquistou um sítio, casa própria, cabeças de gado e deu estudos aos filhos. “Acho que sou um felizardo, só não tive sorte mesmo depois de velho, quando tive de amputar uma perna, devido a um acidente com um cavalo que me pisou em um evento no Recinto Mello Moraes, em Bauru (SP). Então, isso me atrapalhou um pouco. Mas mesmo assim acho que sou um vitorioso, porque sai do nada e até pude viajar bastante, inclusive para Argentina. Só não fui aos Estados Unidos e outros países porque não quis. Então, acredito que escolhi a profissão certa”.
Sobre os filhos, Dito cita o Luiz Carlos Moreira. “Ele estudou por um tempo, depois partiu para o cavalo. Desde moleque viajávamos e competíamos juntos, ganhando algumas provas nos Cinco Tambores. Com o tempo, tornou-se um bom treinador de provas cronometradas e conquistando títulos. Mas, atualmente, como está mais pesadão e beirando os 50 anos, sentiu a concorrência dessa meninada nova que treina cavalos (estão fazendo marcas espantosas, na casa dos 16, 17 segundos). Na minha época, 18 segundos era bom demais”.
Entre suas habilidades como treinador, trabalhando em várias modalidades, Dito Moreira revelou que sua preferida é a Apartação. E para matar a saudade, de vez em quando, os filhos o levam em eventos: “Quando estou assistindo a uma prova, começo a lembrar de quando participava e isso me dá vontade de chorar quando vejo os cavalos correndo, apartando. Nossa Senhora... É bom não recordar, pois me emociono muito”.
Finalizando, sobre a homenagem prestada pela ABQM, ele disse: “Só tenho que agradecer à Associação em se lembrar de mim. Sem dúvida será muito importante, porque eu já trabalhei muito na vida e acho que esse reconhecimento foi pelo meu trabalho dedicado à raça. Inclusive eu tenho mais amigos que mereceram também, que têm muita história pra contar, como o Marcão Toledo (Hall da Fama 2012), que, além de ser muito bom treinador, é uma pessoa simples e ajuda todo mundo”.
Atualmente, Benedito Moreira é pecuarista, proprietário do Sítio do Barreiro, no Município de Piratininga (SP), criando gado leiteiro e cavalos Quarto de Milha.
Quartim Barbosa
O dia 15 de agosto de 1969 ficará eternamente marcado na memória de todos os quartistas. Pois nesta data três nomes entraram definitivamente na história da raça: o dr. José Eugênio de Rezende Barbosa, dr. Heraldo de Araújo Pessoa e Antonio Carlos Quartim Barbosa. Eles foram os responsáveis pela fundação da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha, a nossa ABQM.
Titular da Fazenda Santa Maria, em Avaré (SP), destacou-se por muitos anos como criador de Corrida, com exemplares como: X-P-T-O Horse, Man Top (O Bólido Voador), Monita Gain e as recordistas: Royaltee, Go Goldie Bar, Ramblin Note e Miss Tolltac (Toltequinha), entre outros, veio a falecer aos 91 anos na madrugada de 25 de agosto de 2016, justamente no mês em que a ABQM acabava de completar seus 47 anos de existência.
Além de matérias publicadas na Revista QM, um resumo da história de Quartim Barbosa teve também a colaboração de seu neto, João Gama (Zizinho).
Meu avô disse que, na mesma data da fundação da ABQM estava ocorrendo uma exposição no Parque da Água Branca (SP), com a participação de animais da Raça Quarto de Milha, e sagrou-se como Grande Campeã a égua Poco Leozana, que era de sua propriedade. Segundo ele, a égua foi apresentada com um potro ao pé, e que alguns dias depois de desmamado foi vendido para o dr. Bento Gonçalves, da cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul, tornando-se o primeiro produto da raça a entrar nesta região do País, e após alguns anos, ficou como o reprodutor deste plantel de éguas crioulas.
Em 1975, Quartim Barbosa também ajudou expandir a raça pelo Nordeste, vendendo ao pernambucano Laerte Pedrosa de Melo dois potros ½ sangue que foram os primeiros animais Quarto de Milha enviados para essa região e, consequentemente, o mercado da Vaquejada.
Adepto à velocidade, ele foi o responsável também em trazer em 1974 a primeira égua de Corrida ao Brasil, chamada Royaltee, animal de invejável conformação e que concorrendo com outras raças na 1º exposição da Semana do Cavalo na Água Branca, foi eleita a melhor fêmea do torneio. Já nos hipódromos, tornou-se recordista em Campo Grande, Itapetininga, Barretos e Taquarituba, além de derrotar os melhores cavalos PSI da época.
Ele participou com outros animais de sua propriedade e criação em importantes hipódromos, como: Cidade Jardim, Gávea, Jaú, Ribeirão Preto, Sorocaba, Itapetininga, Carazinho, Lages, Palmeira das Missões e Campo Grande. Demonstrando seu conhecimento turfístico, já no 1º GP ABQM Potro do Futuro, realizado em 1978, colocou em pista um animal ½ sangue cruzado, enfrentando nove animais importados, e ficou em 3º lugar.
Respeitado pela qualidade de sua criação, revelou em uma das matérias que se sentia satisfeito em colaborar em alguns momentos para a história da raça, como na 1ª sindicalização e venda de cotas no Brasil do garanhão Lady’s Moon, de Fernando Muniz de Souza, e a seguir de Sweet Daddy, do Haras Rancho das Américas. No campo político, indicou vários presidentes da ABQM, como Euclides Aranha, seu sócio em cavalos de Corridas; Samir Jubran; Sérgio Nougués; e Gianni Samaja. Na gestão de Samir Jubran, indicou o diretor do Stud Book, dr. Jarbas Bertolli, que era do Jockey Club de São Paulo. Foi ainda um dos incentivadores para a entrada na corrida do criador Wellington Queiroz, plantel que veio a conquistar várias vezes a liderança das estatísticas e se tornar um dos maiores criatórios do Brasil. Além de Wellington, vendeu produtos para importantes criadores da atualidade, como: Plínio Kiehl, Rudney Atalla; Ovídio Ferreira; Olímpio Stockler; Dino Tofini; Wilton Paes de Almeida; Joca Calfat; entre outros.
Em 2006 recebeu da ABQM o título de sócio benemérito, em uma solenidade realizada no Jockey Club de Sorocaba, após um páreo especial em sua homenagem.
Animais Premiados
Conteúdo com Anos 2017 .
Rebs Darlin
castanha Reb’s Darlin (Reb’s Policy – TB x Daddy’s Darlin, por The Ole Man), nascida em março de 1980, foi trazida ao Brasil pelo criador Gianni Franco Samaja (in memorian), em meados de 1986, tendo ao pé o potro Toucheless. Carregando em seu currículo norte-americano o Registro de Mérito AAAT (116), com três vitórias, seis segundos e seis terceiros lugares, comprovou sua qualidade genética também na reprodução, tanto com mãe, avó e bisavó. Como mãe, produziu 38 filhos corredores, que obtiveram 13 vitórias, 11 segundos e cinco terceiros lugares, entre eles as ganhadoras clássicas AAAT: Mandala Reb’s West (IV 109), com quatro vitórias, incluindo o GP ABQM Potro do Futuro/1992, três segundos e um terceiro 3º lugares, em 10 atuações, e produtora de Viagra Bryan SA, Registro de Mérito Superior em Três Tambores (Aberta e Amador); Queen Darlin SA (IV 116), 12 atuações com seis vitórias e cinco segundos lugares, sendo comercializada por R$ 650 mil, no Leilão The Dream of Speed. Produtora de AAAT, entre eles: Darlin Bryan PK (IV 114), com mais de R$ 200 mil em prêmios, incluindo o GP ABQM Potro do Futuro/2006; Corona Rei PK (IV 103), com mais de R$ 220 mil em prêmios, vencedor do GP Megarace/2010; Santa Reb’s Glass, produtora de AAAT, com destaque para a craque Atacama Bryan SA (IV 102), recordista de preço nacional em 2014, no Leilão de Liquidação do Haras Santo Angelo, por R$ 1,008 milhão, reprodutora clássica com maior aproveitamento da atualidade; Tagarela Darlin SA (IV 102), com seis vitórias – égua Líder de Geração; Volupia Bryan SA (IV 98), produtora de AAA. Já entre os machos, destacam-se os reprodutores clássicos: Toucheless (IV 104), com cinco vitórias, recordista dos 503 metros, em Jaú (SP), e RM dos 402m e 503m; e Darlin Ease (IV 104). Na Vaquejada, Reb’s Darlin produziu os campeões do Circuito Pernambucano: X Rated Bryan SA, comercializado por R$ 350 mil; e Bip Bip Bryan, vencedor pela ACQM/2013.
Tagarela Darlin SA, Líder de Geração, uma das principais filhas de Rebs Darlin
Em uma das inúmeras entrevistas feitas pela Revista Quarto de Milha com o saudoso Gianni Samaja, ele dizia que a escolha pela aquisição da Rebs Darlin foi por possuir uma apurada genética, que na época era atualíssima lá nos Estados Unidos. Além disso, ele afirmou que no Brasil não havia “papel” como o dela e que poderia cruzá-la com garanhões de diferentes pedigrees. E a sua previsão se confirmou, pois em todas as gerações, desde que entrou para a reprodução, ela comprovou ser a grande matriz e base do plantel do Haras Santo Angelo, gerando filhos com consagrados reprodutores, como: Pie In The Sky, Far West, Blazen Bryan, Signed To Fly, Apollo VM, Holland Ease, entre outros. Além dos filhos de Reb’s Darlin, que correram pela farda do Haras Santo Angelo, outros produtos fizeram grandes campanhas para importantes criatórios nacionais, em várias modalidades de provas.
Victory Fly
om 402,5 pontos de RMT e R$ 328 mil em prêmios em dinheiro, Victory Fly VM (Apollo VM x Signed To Liberty, por Signed To Fly), produziu 650 filhos registrados em 9 gerações, sendo que 7 estão correndo atualmente, totalizando 4.642 pontos de RMT pela ABQM e que totalizam aproximadamente R$ 2 milhões em ganhos pelo SGP.
“Considerado o maior cavalo atleta que o Tambor brasileiro conheceu, Victory Fly era uma unanimidade. Começou sua carreira de atleta aos dois anos no Jockey Club de Sorocaba, onde obteve um índice AA 86 de velocidade”, conta Thomas de Mello e Souza, proprietário do cavalo junto com sua esposa Roberta de Mello e Souza. Ele conta que, em seguida o cavalo foi para a sela de Abelardo Peixoto para ser domado e, com três anos já começou a ganhar provas de Três Tambores. “No seu primeiro ano, ganhou mais de sete provas, sendo coroado campeão Potro do Futuro, da classe Jovem. Pela Aberta, no giro do terceiro tambor, ele caiu e não completou a prova”, informou Thomas.
“A Fazenda Nossa Senhora de Lourdes adquiriu o VF, como o chamamos, em junho de 2006 para investimento como atleta e garanhão, por sua morfologia, atitude e pedigree de corrida. Logo ele começou a despontar, ganhou na largada o Campeonato Nacional de 2006 na categoria Exibição e, em seguida, em outubro de 2006, bateu o recorde nacional de tempo dos Três Tambores com uma marca inimaginável na época: 17s026. Foi aí que Victory Fly virou a Máquina do Tempo e começou uma trajetória no esporte que até hoje não tem nenhum paralelo”, pontuou Roberta.
Segundo Thomas, VF fez com que os praticantes da modalidade sonhassem com tempos baixos e com os 16 segundos, o que na época ainda não era uma realidade. Sua velocidade e agilidade nas viradas o diferenciavam do resto, de tal forma que em seu segundo Campeonato Nacional, em 2007, ele ganhou com quase meio segundo de diferença para o 2º colocado.
Com as vitórias acontecendo e os tempos baixos virando realidade, VF logo se tornou um ídolo do esporte e virou a atração principal das provas em que corria. O público se acumulava na cerca ou nas arquibancadas cada vez que ele entrava em pista. “Seu porte e carisma eram diferenciados e parecia que ele sabia disso, pois posava para o público quando ia partir e nas fotos que eram tiradas antes e após suas apresentações”, afirma Thomas. As vitórias foram se acumulando, sua fama aumentando e, naturalmente, ele começou a sua campanha de garanhão, em 2006. Sua primeira geração nasceu em 2007 e seu primeiro filho foi chamado de Just Like Victory (traduzindo: igual ao Victory) devido a grande semelhança com o pai. Logo se viu que VF imprimia a sua genética nos seus filhos, que nasciam com beleza e boa atitude.
“VF foi ‘tudo’ para a FNSL e um marco para a raça e o esporte. Ele abriu a mente dos participantes do esporte para o sonho da velocidade – rápida, porém controlada. Fez sonhar ser possível romper a barreira do 17s. Ele foi o maior ídolo do Tambor brasileiro. Ele projetou a FNSL no cenário nacional e internacional da raça Quarto de Milha e do esporte de Três Tambores. Ficou conhecido nos EUA, e não foram poucas as ofertas que vieram de fora para levá-lo embora.”
Na reprodução, em 7 gerações que estão em atividade, apurou 4.642 pontos de RMT pela ABQM
Mas, a FNSL tinha um projeto para ele. “Continuamos a fazer a gestão de sua carreira atlética até a sua aposentadoria, em 2012, aos 11 anos de idade, em ótima forma física para se dedicar exclusivamente à carreira de garanhão, já comprovado com a vitória em 2012 de sua filha no PF ABQM - categoria Aberta - Fofinha Fly LW. Com as vitórias dos filhos nas pistas, era natural que o pai saísse delas. Não foi uma decisão fácil, mas era necessária, já que a demanda pela sua genética crescia e sua responsabilidade como pai passava a ser maior que a do atleta. Sua última prova foi na FNSL, em novembro de 2012!
“O Victory Fly representou e representa para toda família FNSL uma alegria inexplicável em nossos corações. Não tenho palavras para descrever o quanto ele foi e é importante em nossas vidas. Ele foi o cavalo de nossas vidas. Feliz é aquele que encontra e descobre um cavalo como o VF. Ele mudou os Três Tambores no Brasil, fez com que todos acreditassem que o impossível, fazer um 16, era sim possível. Que um cavalo com linhagem de corrida poderia fazer tambor. O VF trouxe para a FNSL alegria, brilho em nossos olhos e corações, e orgulho de ter conseguido ter um animal tão especial. Ele era perfeito: seu olhar, sua morfologia, sua frente branca que parecia que tinha a marca dos tambores, seu jeito de entrar na pista com olhar fixo para os tambores, sua pose para tirar fotos, seu mau humor quando estava na baia, o brilho de campeão em seus olhos.
Ele faz muita falta para nós, mas só temos que agradecer a Deus por ter convivido um cavalo tão especial. Além de ter sido um garanhão que ganhou todas as provas importantes no país, ele se consolidou como um ótimo reprodutor, pois seus filhos estão indo muito bem nas provas. Em 2016, o garanhão que mais pontuou como reprodutor foi ele. Estamos muito felizes e gratos a todos que acreditam nele e àqueles que hoje têm filhos dele. Quando algum filho do VF corre em pista, torcemos como se fosse nosso, e ficamos mais felizes ainda quando vão bem e trazem alegria para os proprietários! O nosso amor pelo VF é indescritível, ele está presente em nossas vidas em fotos, quadros, poemas, tatuagens, dedicatórias, esculturas, pinturas e camisetas. Victory Fly, a Máquina do Tempo, é a nossa estrela mais brilhante no céu.
“O Victory Fly não foi da FNSL, não foi da Roberta, mas foi do Brasil. Ele tinha o Brasil como dono, o qual torcia e vibrava por ele”, afirmou Thomas.
Trouble Creek
rouble Creek é um autêntico patrimônio genético do Haras ST e a matriarca de uma das três famílias que construíram o criatório deo dr. Márcio Tolentino. Acasalada com Shady Leo, produziu 11 filhos, sendo que cinco filhas estão servindo como matrizes no ST, incluindo ST Analeo, ST Traveler e ST Fanatic. “Sem dúvida, a mais importante cruza da Trouble Creek foi com o Shady Leo”, afirmou Márcio Tolentino.
O destaque especial dessa matriz é como produtora de atletas, pois seus 12 filhos premiados somam mais de 1.450 pontos, o que faz dela uma das mais importantes matrizes da história do QM no Brasil - apenas cinco matrizes são produtoras de mais de 1.000 pontos no RMT.
“A Creek, como era afetivamente chamada, foi comprada da Fazenda Caruana com dois anos de idade e viveu até os 33 no Haras ST, vindo a falecer em abril de 2015”, conta Tolentino. “Ela não deixou irmãs maternas, pois era filha única. Sua mãe teve oito filhos machos e apenas uma fêmea. E tão importante quanto a sua genética, a Trouble Creek deixou uma lição de persistência. Foram 31 anos convivendo com ela, programando seus cruzamentos e colocando seus descendentes em provas. É verdade que ela viveu muito e assim a morte não surpreende, mas a saudade existe”, expõe Tolentino.
Entre suas filhas destaca-se ST Analeo com 345 pontos em campanha e 710 pontos como reprodutora
A dominância do DNA dessa égua atravessa gerações. No Haras ST, além das filhas, ela deixou netas e bisnetas reprodutoras e produtoras. Mãe de campeões, ela tem cinco filhos com mais de 100 pontos no RMT da ABQM, com destaque para ST Analeo (345 pontos) e outros campeões em pista, como: ST Creekita (105 pontos), ST Creek Fly (281 pontos), ST Caipirosca (127 pontos); e o cavalo Shady by Creek com 406 pontos.
“A Trouble Creek já foi a melhor égua do ano pela ABQM, tanto no Ranking Geral como pela modalidade de Três Tambores. Sem dúvida, um belo legado para a prova de tambor em nosso país”, enalteceu Tolentino.
Ele informa ainda que, por ser uma comprovada “chefe” de raça, a égua destaca-se também como avó, totalizando aproximadamente 2.000 pontos no Registro de Mérito. E entre suas filhas e filhos que se consagraram na reprodução estão: ST Analeo, produtora de 710 pontos, que tem entre seus filhos o tordilho ST Zé Pereira, um ícone dos Três Tambores nas regiões Norte e Nordeste; ST Traveler, que soma 529 pontos, com destaque para ST Spirit com 349 pontos; a zaina ST Fanatic com 271pontos; e Creekita Times (123 pontos); além do alazão tostado ST Shady Trouble com 195 pontos. Sua neta, ST Spirit, já é produtora de 349 pontos.
Na era da busca pelos 16 segundos, o sangue da Trouble Creek também está presente com ST Leo Leo, ST Flying Leo, ST Motoca Leo, Chilly Pepper Fly e Leo Fly OFV. Em 2016 surgiram novos campeões, entre eles o alazão tostado ST Fameleo e as fêmeas ST Crokita, ST Caiana Fly e Devassa Creek Fame.
O criador Márcio Tolentino faz um alerta: “Esses animais são a prova viva de que a força genética da Creek atravessa gerações e da sua importância para a modernidade do nosso esporte. Então, vale a pena você dar uma olhada no pedigree do seu animal e descobrir se ele não é descendente dessa grande matriz”.
Dan’s Boy Skippy
ontar um pouco da história de Dan’s Boy Skippy é mencionar o nome “King Ranch” – importante grupo norte-americano que trouxe os primeiros animais da raça Quarto de Milha ao Brasil e, por consequência, tornou-se propulsor dessa verdadeira indústria. Tal tradição começou em 1953, quando aqui desembarcaram na estação próxima à Fazenda Laranja Doce, na região de Presidente Prudente (SP), sete éguas e o garanhão Saltilo Jr, além de 370 tourinhos Santa Gertrudis.
Depois, para a Fazenda Bartira, chegaram outros importantes animais. “A raça começou a se expandir com a chegada de Caracolito - animal que veio a receber o registro número 1 da ABQM -, Dan’s Boy Skippy, El Zorrero, Eduardo, Nino do Brasil, Juazeiro, Failas Ambassador, Montante SKR, San Cardenal, Totem SKR, Sucesso SKR, Víbora Solano, Proud Effort, Obrigativo SKR, Go Sugar KRB, Totem SKR, Trinked Cody Chex e Little Peppy Rojo”, conta Cláudio José Damacena, que nasceu, cresceu e trabalhou por muitos anos até se tornar gerente da empresa.
Seus filhos acumulam 1.442 pontos no Registro de Mérito da ABQM (foto de 1975)
Dan´s Boy Skippy, nascido em 22 de março de 1969, no Estado de Pottstown (EUA), desapareceu aos 26 anos, em julho de 1995, deixando 512 filhos. Entre eles, 69 animais pontuados que acumulam atualmente 1.442 pontos no Registro de Mérito da ABQM.
“O Dan’s Boy era um cavalo de comportamento dócil, com sangue de velocidade, mas com cow sense apurado. Por isso, tornou-se por um longo período o Reprodutor Chefe da King Ranch”, revelou Cláudio. Segundo ele, como sua produção era muito equilibrada, os primeiros títulos foram para a Conformação, com o Macaco SKR e a Macanuda SKR. Já no Trabalho, destacaram-se os campeões Nacionais: Panasco SKR; Nagô SKR; Short Cutacross KRB; Eldorado KRB (tricampeão de Laço de Bezerro - Cron. e Téc. Amador, além de obter o título do Congresso da Amador); Elegante KRB (também vencedor do Congresso de Laço Bezerro Aberta); Obrigativo SKR; Totem SKR; Go Sugar KBR; e da sua última geração Icon Skippy KRB, reprodutor na fazenda Formosa. Outro vencedor do Congresso foi Remamba Me KRB, no Team Penning (Jovem Principiante). Pelo Potro do Futuro, destacaram-se Cesare Borgia KRB e Uist Islander KRB.
Já na Corrida, produziu os Registros de Mérito: Nescau SKR, Ortivo SKR, Naipada SKR, Nativo SKR, entre outros.
“Esse grupo de animais liderado por Dan’s Boy Skippy foi responsável pelo sucesso do Quarto de Milha da KRB no Brasil e contribuiu em grande parte para o desenvolvimento do criatório nacional”, finalizou Cláudio Damacena.